Translate 4 Your Language

29.5.11

Não estarei vivo para ver

Um amigo meu da comunidade, também jornalista, costuma dizer que "Todo mundo está certo". Com a espirituosa frase ele alude ao fato de que qualquer argumento honesto, observado sob a ótica de quem o expõe, pode ser compreendido como válido, e que dois argumentos opostos podem estar certos. A filosofia já tratou bastante do assunto, mas a simplificação (ou complexificação...) proposta por meu amigo judeu veio à tona para que ele analisasse a proposta de Obama de uma paz que respeitasse as fronteiras pré-67. Dizia meu amigo: "É perfeitamente correto e justo pedir a paz nessas condições. Mas também é perfeitamente correto e justo não aceitar as condições." O que penso a respeito, eu? Fico também neste dilema. Outro dia ouvi um debate interessante na televisão, em que um analista político brasileiro observava que os movimentos sociais no mundo islâmico iriam, mais cedo, mais tarde, refletir na questão Israel-Palestina. Por um lado, o povo palesti no teria que, em algum momento, começar a pressionar os poderes constituídos da Autoridade, seja ela formal (Fatah) seja informal (Hamas), seguindo as tendências da contemporaneidade. Ou seja, os palestinos seriam motores da mudança no sentido de uma postura mais responsável por parte de seus governantes, na busca da criação de um estado. O analista dizia que também a sociedade israelense, em algum ponto, e através dos meios democráticos de que já dispõe, mudaria a feição do parlamento e de seus líderes na direção de um maior pragmatismo e, ao mesmo tempo, de um pensamento menos reativo e emocional na condução da paz. O fato é que em algum momento se há de ceder. Do contrário, Israel-Palestinos será eternamente um bolsão de instabilidade, sangue e dor. Creio que a paz virá. Não creio que estarei vivo para vê-la.

Nenhum comentário:

Postar um comentário