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10.4.11

Liberdade de Opinião (Claudia Costin)

Claudia Costin

Cláudia Maria Costin nasceu em São Paulo. Graduou-se em Administração Pública, fez mestrado em Economia, doutorado em Administração Pública e especializou-se em políticas públicas. Desde janeiro de 2009, ocupa o cargo de Secretária Municipal de Educação do Rio de Janeiro.

Referência em gestão pública no Brasil e no exterior, Claudia foi Ministra da Administração e Reforma do Estado, Secretária-adjunta de Previdência Complementar, Secretária da Cultura do Estado de São Paulo, Gerente de Políticas Públicas do Banco Mundial e Vice-Presidente da Fundação Victor Civita entre os anos de 2005 e 2007. .

Atuou como consultora para os governos de Angola e Cabo Verde nas áreas de administração pública, gestão de estatais, planejamento e modernização. Sua experiência como consultora internacional engloba também os governos de Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

Na vida acadêmica, atuou como professora universitária nas faculdades FGV, PUC-SP, Unicamp, Universidade de Taubaté, Universidade de Brasília, FAAP e IBMEC-SP. Claudia também foi professora-visitante do curso Estado e Globalização da Escola Nacional de Educação Pública, da Universidade de Quebec, no Canadá.


PERGUNTAS:

1) O que fez de mais importante em sua vida?
É difícil definir o que se fez de mais importante, pois a vida tem diferentes dimensões. Certamente, na dimensão profissional foi fundamental, em parceria com José Mindlin e José Luiz Goldfarb, fomentar a leitura em todo o País e implantar bibliotecas em todo o interior paulista e nas principais favelas da cidade de São Paulo, como foi a de criar novos museus e fortalecer os existentes no estado de São Paulo. Mas nada se compara com o esforço para dar um salto na qualidade da Educação carioca. Tem sido a melhor experiência profissional da minha vida.
Na dimensão pessoal, criar meus filhos e, junto com eles, fazer o caminho de volta para o judaísmo, foi o que pude fazer de melhor. Vindo de uma família de judeus do Leste Europeu (tanto do lado paterno quanto materno) que, por trajetórias diferentes, converteram-se para o cristianismo, resgatar as raízes e vir a conhecer a riqueza de nossa tradição foi fundamental.

2) O que lamenta não ter feito, ou ainda deseja fazer, de importante?
Desejo ainda consolidar a transformação que estamos vivendo na Educação carioca. Sonho com o dia em que os jovens de escolas públicas do Rio possam competir com os das melhores escolas privadas, com chances de sucesso e alegria em suas opções pessoais e profissionais. Naturalmente, desejo o mesmo para o País. Quero ver o Brasil brilhar no PISA, teste internacional de qualidade da Educação aplicado a jovens de 69 países, em que o Brasil, apesar de melhorar nos anos recentes, ainda está muito mal colocado.

3) Diante da multiplicidade de disputas e conflitos étnicos e raciais se generalizando em todo mundo, você acha que a Humanidade caminha para tempos sombrios?
Não creio esteja caminhando para tempos sombrios. Há muitos aprendizados a se fazer ainda, mas se pensarmos que aceitávamos como normal, no século XIX, que um ser humano escravizasse outro, ou que apenas uma parcela da população tivesse acesso a escolaridade (em 1930 tínhamos, no Brasil, apenas 21,5% das crianças na escola), houve um avanço inequívoco. Mas ainda falta muito na construção de uma sociedade mais justa: um bilhão de pessoas no planeta ainda estão excluídas dos benefícios do desenvolvimento; agredimos o ambiente, colocando em risco o futuro das futuras gerações (embora a consciência deste triste fato venha crescendo junto com a construção de soluções) e os preconceitos ainda são fortes (porém mais reportados, visto que as leis e a consciência pública da maior parte dos países desenvolvidos os tornou inaceitáveis)  

4) Você concorda com o balizamento estatal ou religioso nas opções e preferências pessoais de cada individuo, incluindo a comunicação, opção sexual, vestimenta, fumo e bebida?
Sou contra teocracias. O Estado não deve fazer escolhas pelos indivíduos (a não ser para proteger direitos de crianças ou para evitar danos a direitos de outrem, estabelecidos em lei). Este princípio, aliás, foi um dos avanços da Humanidade, claramente estabelecido nas democracias. Não há mais religiões oficiais em parte importante dos países e direitos de minorias religiosas costumam ser respeitados no mundo desenvolvido.

5) Qual seria a sua reação caso tivesse tolhido seu direito de opinar, e consumir e de se expressar?
Vivi sob a ditadura militar e, assim, tenho a lembrança clara de minhas reações ao desrespeito ao direito de livre expressão.  Participei de manifestações contra o poder autoritário e isso me valeu duas prisões. Não se deve aceitar o cerceamento da fala e ao acesso a informações que possam formar um juízo independente dos cidadãos.