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11.8.11

Irmãos – Somos todos irmãos


É profundamente comovente ver manifestantes veteranos, que durante anos eram vozes clamando no deserto, se juntando nas barracas com os jovens, que sabiamente estão liderando este novo protesto.

Por Amos Oz

Israel nunca foi um estado igualitário. Mas no seu auge, era mais igualitário do que a maioria das nações do mundo. A pobreza não era aguda e a riqueza não era ostensiva, e a responsabilidade social para com os pobres e os necessitados era mostrada não só no plano econômico, mas também no nível emocional.

Na Israel de antes, aqueles que trabalhavam - e quase todos os homens e mulheres trabalhavam muito – podiam levar uma vida modesta, mas respeitável para si e suas famílias. Os novos imigrantes, os refugiados, os que moravam em alojamentos para imigrantes, todos recebiam educação pública, serviços de saúde e habitação. O jovem e pobre Israel era um perito no empreendedorismo social.

Mas parece que tudo foi destruído nos últimos 30 anos, quando os governos dos grandes capitais incentivaram e inflamaram as leis da selva econômica do ‘agarra o que puderes’.

O protesto que hoje ocupa as ruas e praças de Israel deixou de ser apenas um protesto sobre a angústia da habitação. O cerne deste protesto é a afronta e o ultraje em relação à indiferença do governo para com o sofrimento do povo, com medidas ambíguas contra a população ativa e a destruição da solidariedade social.
A visão que toca o coração ao ver as praças de tendas espalhadas pelas cidades de Israel, dos médicos marchando por seus pacientes, as manifestações e comícios por si só são um reviver da fraternidade mútua e do comprometimento. Afinal, a coisa principal que esses manifestantes estão dizendo, antes mesmo de "justiça social" e "abaixo o governo," é: "Nós somos irmãos".

Os recursos necessários para o estabelecimento da justiça social em Israel estão localizados em três lugares:
Em primeiro lugar, Israel tem investido bilhões nos assentamentos, que são o maior erro da história do estado, bem como a sua maior injustiça.

Em segundo lugar as enormes somas que são canalizadas para yeshivot ultra-ortodoxas, onde crescem gerações de preguiçosos ignorantes, cheios de desprezo para com o Estado, o seu povo e da realidade do século 21.

E em terceiro, e talvez o mais importante, o apoio apaixonado do governo de Netanyahu e dos seus antecessores para o enriquecimento desenfreado dos muitos magnatas e seus camaradas, à custa da classe média e dos pobres.

Não nos esqueçamos da origem das riquezas que vão para os assentamentos, às yeshivot e para os magnatas. Elas vêm do trabalho e do talento criativo de milhões de israelenses que estão carregando nas suas costas esta maravilha econômica sem par de um estado pobre em recursos naturais (não podemos contar com o gás natural, ainda), porém rica em recursos humanos.

Nem os partidos nem as organizações da oposição veteranas geraram este protesto, que nasceu da devoção e do entusiasmo de centenas e milhares de jovens que reuniram na sua esteira as melhores pessoas do país.
É profundamente comovente ver manifestantes veteranos de todas as gerações protestando, e que durante anos eram como uma voz clamando no deserto, permanecendo nas barracas dos jovens, que sabiamente estão liderando estes novos protestos.

Pessoas como eu, que protestaram por muitos anos contra a política dos governos de Israel, abraçam com amor e admiração esta nova geração, que supera as anteriores.


"Amos Oz, entre outras linhas, descreveu o orgulho de ser israelense, de um país, que nasceu do socialismo, e viu com o tempo, a direita desgraçar totalmente o país, colocando-o em o mais odiado no mundo todo. Existe sim, um socialismo sionista que foi construído por Ben-Gurion e Meir que os ultra-ortodoxos, preguiçosos, como disse Oz, querem extinguir a qualquer custa. Não vão. Israel é democracia. Israel é socialismo sempre, e nunca, nunca Israel será teocrática, se D-us quiser!"

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