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23.7.11

LIBERDADE DE OPINIÃO (Fábio Koifman)

FABIO KOIFMAN

Fábio Koifman é historiador, professor da UFRRJ. Autor de alguns textos acadêmicos, entre eles o livro “Quixote nas trevas: o embaixador Souza Dantas e os refugiados do nazismo” publicado em 2002 e “Porteiros do Brasil”, no prelo, com edição prevista para início de 2012.

1) O que fez de mais importante em sua vida?
Do ponto de vista pessoal, os meus filhos foram a coisa mais importante que fiz na vida. Do ponto de vista acadêmico, comunitário e intelectual, a pesquisa que descreveu, comprovou e detalhou a atuação humanitária durante a II Guerra Mundial do embaixador brasileiro na França, Luiz Martins de Souza Dantas. Esse esforço fez com que os atos do diplomata fossem reconhecidos nacional e internacionalmente.

2) O que lamenta não ter feito ou ainda deseja fazer, de importante?

Do ponto de vista pessoal, lamento não ter visitado a antiga Iugoslávia enquanto ela ainda era um só país e não ter seguido a rota da seda a partir do oeste da China. Do ponto de vista acadêmico, não ter ainda contado (passado organizadamente para o papel) diversas histórias ocorridas durante o Estado Novo brasileiro cuja documentação eu já levantei. Muitas dessas histórias envolvem direta ou indiretamente a comunidade judaica

3) Diante da multiplicidade de disputas e conflitos étnicos e raciais se generalizando em todo mundo,você acha que a Humanidade caminha para tempos sombrios?

A minha opinião é de que a essência dos conflitos não tem real origem em diferenças étnicas ou religiosas. As pessoas comuns basicamente desejam vivem em paz e com estabilidade. As diferenças entre os grupos humanos são manipuladas por parte das lideranças políticas de maneira a justificar e mobilizar populações em conflitos cujos interesses são outros. Com a difusão e popularização cada vez maior da comunicação a tendência é de que o diálogo e o esclarecimento levem a tempos de luz e não sombrios. Cada vez mais governos descobrem e praticam investimentos na área da educação e da ciência. Essa é a chave para o desenvolvimento econômico. Tal política terá como conseqüência direta cada vez mais o esclarecimento da humanidade e, portanto, a diminuição das guerras.

4) Você concorda com o balizamento estatal ou religioso nas opções e preferências pessoais de cada individuo, incluindo a comunicação, opção sexual, vestimenta, fumo e bebida?

A minha opinião é de que o Estado só deve intervir para garantir a liberdade individual em todos os quesitos mencionados acima. A repressão do Estado deve recair aos que negam essa liberdade amplamente. Guardadas os cuidados com hábitos que afetam a terceiros, como o fumo. Quanto ao balizamento religioso, toda a vez que religião e Estado se confundiram na história foi terrível. As religiões e suas normas devem sempre envolver uma opção pessoal individual. Toda e qualquer interferência religiosa no Estado deve ser banida completamente. A humanidade tem evoluído com essa premissa.
 
5) Qual seria a sua reação caso tivesse tolhido seu direito de opinar, consumir e de se expressar?

Se isso ocorresse em um regime democrático, a minha reação seria desde partir para a denúncia pública até a busca por reparação na justiça, dependendo da gravidade dessa limitação ou a forma que ela foi praticada.

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