Companheiros, eu queria dizer alguma palavras aqui no sentido de traduzir as idéias fundamentais que estiveram em discussão na nossa XIX Conferência Nacional, que foi realizada hoje um pouco antes dessa nossa primeira atividade da campanha eleitoral.
Queria repetir aqui o que já foi dito pelos companheiros e que eu acho que todos os militantes do partido, toda a classe trabalhadora e todas as pessoas honestas, que buscam um futuro diferente para o Brasil e para o mundo, têm que saber que as eleições que estão se iniciado agora são um jogo de cartas marcadas e os resultados estão definidos de antemão. O povo brasileiro vai ser chamado às urnas para referendar o funcionamento avassalador da máquina estatal.
Apesar disso companheiros é de se perguntar porque é que nós entramos nesse jogo de cartas marcadas, que é um jogo de cartas marcadas muito difícil de jogar. Nós estamos no final de junho, nós vamos ter exatamente três meses para fazer uma campanha eleitoral que divulgue as nossas propostas e convença mais de cem milhões de eleitores e um país de oito milhões de quilômetros quadrados. Mas ao menos tempo nós vamos ter alguns segundos nas eleições, nós não vamos participar de nenhum debate que vai ser promovido pelas grandes redes de televisão, como a Rede Globo. Quem irá escolher quais são os candidatos que o povo pode ouvir são os capitalistas donos dessas empresas. E nós vamos ter que enfrentar no primeiro mês de eleição, conforme foi dito aqui, uma verdadeira floresta amazônica de regulamentos do TSE para registrar os candidatos, dos quais um bom número o TSE vai tentar impugnar. Isso são as eleições. Isso é o que se chama no País hoje de democracia. É um jogo de cartas marcadas, uma farsa política que tem que ser denunciada. Apesar disso companheiros, eu queria chamar todos companheiros a se empenhar de corpo e alma nessa curtíssima campanha política que são as eleições nacionais de 2010. Nós devemos lançar candidato a governador e a senado em dez estados do país. Candidato a presidência da república e nós temos que ir aos trabalhadores com um objetivo prático definido companheiros. Nós temos que levar em consideração que há um despertar muito importante, muito significativo da luta dos trabalhadores de diversas categorias pelo País a fora. Nós vimos esse ano aqui a gigantesca greve dos professores estaduais de são Paulo, onde os professores ocuparam a paulista, enfrentaram a Polícia Militar do governo Serra, onde os professores encurralaram o governo no palácio dos bandeirantes e nós sabemos que essa tendência de luta ela está se multiplicando em todo o país. Foi destacado aqui com relação à situação que existe nos Correios, a situação da privatização dos Correios. É evidente que o governo do PT está esperando passar as eleições para lançar com toda força a privatização dos Correios. Mais é importante também assinalar companheiros que entre os trabalhadores dos correios cresce a determinação de resistir a essa ofensiva do governo, da burguesia e dos tubarões internacionais.
Nós vimos aqui, nós estamos vendo, na principal universidade do país que é a Universidade de São Paulo, a luta dos estudantes e dos funcionários que estão pedindo inclusive a saída do reitor da universidade. Essas tendências de luta companheiros, elas crescem por todo o país. É isso que faz da campanha eleitoral que começa agora, uma campanha eleitoral especial para nós. O nosso objetivo prático, o nosso objetivo número um na eleição é utilizar a atenção despertada pela necessidade de renovar os governos, necessidade da burguesia de conseguir um apoio popular formal para os governantes corruptos e que não tem nenhum apoio popular real, que permite que a gente utilize esse curto espaço de tempo, o curto espaço que nós temos na televisão para contribuir, para impulsionar o desenvolvimento dessas lutas porque é o desenvolvimento dessas lutas que vai mudar o país e não as eleições. E nós devemos dizer isso abertamente para os trabalhadores nos quatro cantos do País. É a luta, é a organização da classe operária, das organizações sindicais, da organização política que pode dar um novo rumo ao País e não as eleições, companheiros.
Em segundo lugar companheiros eu queria chamar atenção para outro aspecto fundamental dessa eleição. Nessa eleição encerram-se os oito anos do governo Lula. O maior partido da esquerda nacional dos últimos 50 anos chegou ao poder. Um partido que congregou as expectativas de milhões e milhões de trabalhadores brasileiros no terreno eleitoral. Um partido que os trabalhadores, que a juventude, que as mulheres, a população negra acreditava que quando chegasse ao poder iria modificar a situação criada e mantida pelos tradicionais canalhas e cafajestes dos partidos burgueses que toda a população nacional repudia. Eis que o povo brasileiro fez uma amarga experiência de oito anos e descobriu que os partidos da esquerda nacional não representam os interesses da classe trabalhadora brasileira. Que esses partidos como nós denunciamos muitas vezes, inclusive dentro do Partido dos Trabalhadores, Partido Comunista do Brasil e todos os partidos de esquerda eles servem como instrumento da defesa dos interesses dos banqueiros, dos grandes industriais e dos latifundiários que matam os trabalhadores no campo brasileiro. São os interesses dos inimigos da classe trabalhadora brasileira.
Um episódio recente vem mostrar a magnitude da queda desses partidos diante da luta da população brasileira. Um dos líderes do governo Lula no Congresso Nacional, líder do PCdoB, o senhor Aldo Rebelo, está sendo nesse momento homenageado pelos piores assassinos que existem nesse país que são os latifundiários que mataram há alguns meses atrás, no Pará, o nosso companheiro que falou no ato do 1º de maio do Partido da Causa Operária, o companheiro Luis Lopes da Liga dos Camponeses Pobres. Essas pessoas que assassinaram ele e centenas de outros companheiros estão publicamente elogiando um líder do PCdoB porque esse líder teve a capacidade, teve a ousadia oportunista, reacionária e contra-revolucionária de aprovar o código florestal sob medida para esses latifundiários.
A principal porta-voz do latifúndio brasileiro, esse fenômeno retrogrado, Kátia Abreu, saiu na imprensa para defender a coragem moral do senhor Aldo Rebelo. Pois eu sou obrigado a concordar com ela. É preciso ter muita coragem para se dizer comunista e de esquerda e servir de capacho para esses assassinos. É preciso muita coragem.
Eu digo isso, companheiros, porque nessas eleições nós temos que dizer para os trabalhadores em alto e bom som que chegou a hora dos trabalhadores, não os militantes do PCO, mas a classe trabalhadora, os trabalhadores que estão se mobilizando nos sindicatos, que estão se mobilizando nas greves, os estudantes que estão se mobilizando na luta contra essas reitoras ditatoriais corruptas, que chegou a hora de construir um partido de luta que defenda o interesse da classe trabalhadora brasileira. Que chegou à hora de construir um partido operário que seja capaz, não de eleger deputados para serem elogiados pelos latifundiários e seus representantes, mas de um partido para está todos os dias organizando e dando uma diretriz para a luta de massas dos trabalhadores da cidade, do campo e a juventude. Essa questão nós temos que colocá-la no centro da nossa campanha eleitoral. Nós temos que discutir esses problemas, nós temos que levantar a consciência dos trabalhadores da necessidade da sua organização política. Sem organização e particularmente sem organização política, o trabalhador não passa de um escravo do capital. Escravo porque ele tem emprego, se não ele é um indigente sem emprego que fica a mercê dos acontecimentos. Sem organização política a classe trabalhadora não é nada. Sem organização política os patrões, os grandes capitalistas, os banqueiros, eles fazem o que eles querem. Por isso não basta que a gente esteja construindo um partido, é preciso fazer um amplo chamado a classe trabalhadora brasileira. A que essa classe desperte como está despertando para as lutas, para construir esse partido.
Companheiros, a outra questão que nós temos que falar abertamente nessas eleições. Nós não estamos participando das eleições, não estamos participando da vida política do país, não estamos participando das greves dos trabalhadores, da luta dos estudantes, da luta dos trabalhadores do campo, para vender ilusões. As eleições que estão começando agora são as primeiras eleições nacionais desde que explodiu em escala mundial a crise capitalista, revelando aos olhos de todo mundo aquilo que alguns sabiam, mas que a maioria não sabia: que o capitalismo está pobre até a medula. Os governos de todos os países, inclusive do Brasil – o governo Lula – usava o dinheiro que falta para a assistência médica da maioria da população, para a educação, para o salário dos funcionários públicos, para a habitação e o transporte, para salvar um punhado de bancos. Bancos que poderiam ter sido estatizados, por que os banqueiros demonstraram que eles nem sequer tem competência para administrar uma empresa que é a única coisa que eles fazem. Eles sequer têm competência para explorar os trabalhadores, portanto eles não têm o direito de manter essas empresas e de explorar nossos trabalhadores. Veio à tona aos olhos da população mundial, aos olhos da classe operária no mundo inteiro, a podridão total e profunda do capitalismo internacional. Essa podridão ela exige uma resposta que não pode ser dada por medidas parciais, por mais importantes que sejam. Quando a gente defende o direito a terra do homem do campo, quando a gente luta contra a privatização, quando a gente defende o salário do trabalhador, do professor, quando a gente defende o ensino público e gratuito, para nós essas reivindicações não são mais do que um ponto de partida para uma luta mais ampla e isso nós temos que dizer nas eleições.
Nós defendemos cada reivindicação, por menor que seja, de todas as camadas exploradas da população, mas ao mesmo tempo nós temos que dizer claramente o seguinte: que a situação só vai mudar de forma integral, de forma duradoura, de forma real e profunda a hora que o capitalismo for destruído. A hora que a humanidade, que os trabalhadores que são o setor mais avançado da humanidade, acabarem com a propriedade privada dos meios de produção. Acabar com o direito dos capitalistas de viverem no luxo, de jogarem dinheiro fora, o dinheiro que eles conseguem da exploração de bilhões de seres humanos em todo o planeta terra. Nós temos que dizer claramente companheiros que a vitória dos anseios, da esperança, das expectativas não só dos operários, mas de todos os setores que buscam o progresso da humanidade, uma vida melhor, contra esse o movimento da cultura, a igualdade entre o homem e a mulher, o fim de toda opressão racial só vai ser obtido se nós acabarmos com esse modo infame de organização social que o capitalismo, se nós acabarmos com a propriedade privada.
Só o socialismo, companheiros, e por socialismo eu quero dizer claramente o seguinte: que nós entendemos como socialismo a expropriação integral de toda a propriedade privada e a gestão coletiva pelos povos do mundo inteiro dessa propriedade em benefício das necessidades de cada ser humano, é isso que nós entendemos por socialismo e não esses governos “cor de rosa” que servem para ficar balançando a bandeira para os capitalistas. Só o socialismo pode dar uma saída para a humanidade. O capitalismo significa trabalho escravo, significa miséria, significa desemprego de centenas de milhões de pessoas, significa que o ser humano comum tem que trabalhar para sustentar um banco, significa a guerra como nós temos visto sistematicamente no Iraque, no Afeganistão e em outros países. Esse é o significado do capitalismo. Para acabar com isso, para acabar com a intensificação da barbárie capitalista só há um caminho que é o socialismo. Agora companheiros, o socialismo não vai cair do céu. A burguesia é uma classe privilegiada que detém privilégios inacreditáveis diante da maioria da população nacional. Enquanto alguns morrem de fome, outros morram em mansões de milhões de dólares nos Estados Unidos. Enquanto alguns tomam ônibus lotado para ir trabalhar, os outros têm avião particular, iates. Ninguém vai abrir mão desse luxo sem luta. Por isso nós temos que dizer companheiros, na campanha eleitoral, que o socialismo vai ser o resultado da organização e da mobilização coletiva da classe operária para destruir o poder política da burguesia. Ou seja, o socialismo só vai vir como resultado da revolução proletária. Sem acabar com a ditadura dos exploradores e sem colocar o povo no poder, sem dar todo o poder à classe operária, aos trabalhadores do campo – inclusive para que eles possam esmagar a resistência dessa burguesia, violenta, maléfica exploradora – não vai haver socialismo. E é por isso que nós lutamos e nós temos que explicar isso para a classe trabalhadora na campanha eleitoral. Nós temos que fazer da nossa campanha, companheiros, uma campanha que vá desde a menor reivindicação do trabalhador mais humilde, da categoria de trabalhadores mais humilde, até a expropriação total da burguesia, o socialismo e o poder da classe operária. Muito obrigado, companheiros.
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