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22.8.11

Mike Oren: "Verão Israelense" Não é a "Primavera Árabe"

Por Michael Oren

Há duas semanas quando 300 mil pessoas saíram às ruas de Israel para protestarem contra as condições econômicas no país, os meios de comunicação rapidamente associaram esses protestos com as revoltas que assolam grande parte do mundo árabe. Segundo estes mesmos meios de comunicação os israelenses teriam aprendido esta lição com a Primavera Árabe.

Mas a diferença é que em Israel os judeus se manifestam em conjunto com os muçulmanos e cristãos; imigrantes que vieram da Rússia marcham com os que vieram da África; as divisões entre os seculares e religiosos e entre a direita e a esquerda são praticamente inexistentes. E as mulheres, sempre confinadas a um papel secundário na maioria dos protestos árabes estão entre as líderes das manifestações de Israel. De fato a primeira tenda de protesto foi montada por uma jovem de 25 anos de idade. As mães israelenses que querem voltar a trabalhar realizaram a "marcha dos carrinhos de bebês" pedindo por creches subsidiadas. 

Não estão exigindo uma mudança na forma de governo de Israel, mas uma reforma da sua política - exatamente como deve funcionar uma democracia. 


Ao contrário das revoltas árabes que tem por objetivo a derrubada de ditadores, as manifestações de Israel têm por objetivo a "justiça social" e, muito importante, dentro do sistema político existente. Especificamente querem habitação acessível e aumentos salariais que acompanhem a rápida expansão da economia de Israel; querem reduzir a disparidade social que se ampliou nas últimas décadas em Israel e sob sucessivos governos, de direita e de esquerda. Em Israel não se trata de derrubar um regime, mas a preservação da classe média. Estes israelenses estão empenhados em tornar o seu país num lugar melhor para todos os seus cidadãos - empresários, professores e trabalhadores de fábrica.

Com poucas exceções a Primavera Árabe tem sido tingida pela violência. Milhares já foram mortos e muitos milhares tiveram que se tornarem refugiados. A polícia egípcia agride os manifestantes e os colocam em prisões enquanto as tropas sírias usam tanques para atirar de canhão contra seus concidadãos. Em Israel em contraste são os artistas e escritores - e não as forças de segurança – que recebem os manifestantes. As tendas de protesto são protegidas ao invés de arrancadas, pela polícia.

O modo violento que caracteriza as manifestações árabes e a natureza pacífica das manifestações de Israel reflete a diferença mais notável entre elas. As populações árabes estão protestando para obterem a democracia e a liberdade que os seus governantes consideram como ameaças mortais. As manifestações de Israel, porém, estão ocorrendo porque a democracia e a liberdade já existem. E o governo israelense não as considera como ameaça, mas sim como uma oportunidade. Como conseqüência o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estabeleceu um comitê constituído por funcionários do governo, economistas e professores para analisarem as demandas dos ativistas, e também foi aberto um fórum online para o diálogo. "Não podemos ignorar as vozes que emanam do público" afirmou Netanyahu. "Nós queremos soluções verdadeiras, e nós vamos realizá-las".

Há alguns dias visitei milhares de tendas e barracas que surgiram ao longo dos bulevares mais ilustres de Tel Aviv e onde vi cartazes expressando amor por Israel e o compromisso para uma sociedade mais justa. Eu falei com os organizadores que me disseram que a eletricidade para os "acampamentos" é fornecida por restaurantes das proximidades e que as pessoas do bairro abriram suas cozinhas e chuveiros para os manifestantes. Não vi um único policial, muito menos um soldado, que de qualquer forma tentasse silenciar os ativistas. A natureza tranqüila e apartidária dos protestos é uma prova importante da democracia israelense.

Porém todas essas diferenças entre a Primavera Árabe e o ‘Verão Israelense’ partilham de uma similaridade fundamental. Em ambas os povos do Oriente Médio estão desafiando o status quo e fazem ouvir a sua voz. Em todos os lugares há um sentimento de um novo senso de poder. Em Israel há a representação parlamentar e a liberdade de expressão para a discussão das demandas dos manifestantes e em conjunto para encontrarem as soluções.

Esperamos que algum dia em breve, nossos vizinhos irão desfrutar dos mesmos direitos básicos. As estações (do ano) por definição passam, mas todos nós podemos trabalhar para um futuro permanente de oportunidades, liberdade e com paz.

Michael Oren é o Embaixador de Israel nos Estados Unidos.

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