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20.9.10

'Meu Mix com Hashem'

Meu primeiro jejum foi aos 12 anos. Queria antecipar em um ano o dever a ser inaugurado só após o Bar-Mitzvah. Fui ao Kol-Nidrei, voltei para casa e passei o resto do tempo na horizontal. Uma hora antes de sair para a sinagoga de novo, tomei um banho pelando e saí do banheiro pelado a ponto de desmaiar, chamando minha mãe. Água quente e estômago vazio = pressão baixa. Mamãe correu à cozinha e fez um queijo quente com uma média. Quebrei o jejum antes da hora, mas o gosto daquele sanduíche jamais esquecerei. No ano seguinte, já filho do dever, fiz o jejum completo, sem água. Quebrei com coxinha de galinha e guaraná da estufa do botequim da esquina da Tenente Possolo e, mais tarde, na casa da vovó Judith, no Chopin, me entupi tanto de patê de fígado de galinha e conklietn que fiquei entalado, quase tive uma congestão.

E segui assim, ano a ano, os jejuns se estabilizando, até que, lá pelos
20, andava meio de mal com a vida e, ao sair do Kol-Nidrei, meu pai, fazendo as vezes de Dibuk, me convidou para ir ao Porcão. E fomos, e comemos linguiça, e tomamos caipirinha. Nos anos seguintes voltei a ser cumpridor, e durante o período em que morei na França - primeira metade dos anos 90 - aproximei-me de uns lubavitchers e fiz os jejuns mais rigorosos de minha vida, passando o dia na sinagoga, como os velhinhos.
Mais recentemente, tenho alternado a postura. Ficar sem água não consigo. E sem comida, depende do astral. Não deixo nunca de meditar, isso é garantido. É o meu mix com Hashem. Por exemplo, não como presunto nem porco, mas aceito outros frutos do mar. E se for fazer uma exceção com o porco, não é qualquer presuntinho Sadia não. Que seja um Pata Negra com figos, pois, como diz o ditado iídiche, se for pra comer porco, "que seja para babar de prazer"( az tzu essn chazer darf tzu rinen fun moil).

Deus que me perdoe, e chatimá tová para todos.


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