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23.7.11

A morte de Mashiah

Estava eu, em 1994, num almoço na casa do Rabino Azimov, o cabeça, até hoje, dos lubavitches franceses, discutindo a morte de Menachem Mendel Schneerson com outros convidados, todos ortodoxos, sendo eu, sempre, aquele carneiro passível de ser amealhado, com roupas normais e questões sempre incômodas que eles adoravam responder. Naquele dia eu perguntava o que aconteceria agora. Quem seria o novo líder. Um dos meus convivas me chamou a um canto e respondeu, rindo:

- Aron, a questão, agora, não é quem será o nosso líder. É como muitos de nós vamos compreender a morte do Messias antes mesmo de sua revelação definitiva.
Perguntei o que ele queria dizer com isso.

- Você está insinuando que o Rebe ERA o Messias?

- Bom, eu não sou daqueles que pensava isso. Mas uma boa metade dos lubavitches tinham certeza disso. Achavam que faltava só mais um pouco para, diante do fervor crescente do judaísmo mundial, ele se declarar como tal e promover todos os feitos que se espera de Mashiah.

- Quer dizer que ele desfilaria em carruagens por Jerusalém? Que os mortos ressuscitariam e as árvores dariam frutos eternos?

- Não sei se esperavam algo assim tão literal. Na verdade, apenas aguardavam o momento. Que ia ser ainda nos nossos dias, como sempre rezamos para ser.

Veio o almoço, sempre gostoso, de sábado, a fome altíssima de quem caminhou da Rue des Rosiers até os arredores da Place de la Republique, uns bons 8 quilômetros. Despedi-me e caminhei mais uns quatro até minha casa, próxima à Bastilha. Cheguei por volta das 22h. Não consegui dormir. O Messias, na melhor das hipóteses, estava morto, e a esperança de vê-lo, ainda que até a véspera eu não a alimentasse, se havia reacendido numa nova escala do impossível.

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