Dia vinte e cinco de Janeiro, aniversário de São Paulo.
Acabei de voltar do “Açaí”, onde encontrei os meus amigos Benjamim e Vania Handfaz, pais do
Alexandre, meu amigo e aluno de Bar Mitzvah.
Entre pratos de Açaí e canudos de água de côco e ao som da
torcida do timão que joga aqui perto no estádio do Pacaembu, os amigos me
contaram uma história digna do aniversário de nossa cidade:
-A filha de nosso primo Jayme – Corinthiano roxo - estava passeando com a sua avó, quando cruzou
com outra dupla de avó e neto. A avó número dois, ao ver nossa priminha, não se
conteve e disse:
-Puxa vida! Que menina linda! Loirinha de olhos azuis!
-Seu neto também é lindo – Respondeu a orgulhosa avó - Que lindos cabelos e olhos negros!
-Obrigada, ele é árabe puro!
-Árabe puro... Que maravilha! A minha netinha é judia pura!
-Em outros cantos do mundo este seria um possível ensejo para
uma bela discussão, mas aqui em São Paulo, terra, ou melhor, asfalto de
diversidade, é diferente:
-Pois então... Podemos acertar o casamento? – Disse a avó
judia.
-Claro! Por que não? - Respondeu a avó árabe.
Após mais uns minutos de descontraída conversa, as duas se
despediram com beijos e cumprimentos.
Alguns passos depois, nossa priminha, depois de se certificar
de que já estava a uma distância segura do “primos árabes”, se dirigiu à avó
com uma voz grave e expressando preocupação no olhar, disse:
-Vó! Como a senhora falou aquilo de eu me casar com ele? Você
esqueceu o que a gente é? Ele é o contrário da gente!
-Você está falando isso por que ele é árabe?
-Não vovó! Você não viu a camiseta dele? Ele torce para o São
Paulo!
Viva São Paulo! Viva o diálogo! Viva a Paz!
Nenhum comentário:
Postar um comentário