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6.10.10

Oprah e o Kaddish

O telefone tocou no meu escritório em Nova York. Ano de 1995, e estava dizendo Kadish para meu pai, Joseph Jacobovici. Eu vivia em Toronto, mas como produtor de cinema, eu viajava bastante. Durante meus onze meses dizendo Kaddish, tive que recitar o Kadish em diversas cidades, de São Francisco a Halifax. Uma vez tive que parar em Detroit e correr para o subsolo de uma pequena sinagoga, onde 9 pessoas com seus 80 anos me receberam como um herói, sendo o décimo e completando o minyan (10 pessoas necessárias para reza). O telefone tocou em Nova York, e este foi um Kadish inesquecível, tinha acabado de filmar um documentário chamado "The Selling of Innocents", onde ganhei o prêmio Emmy, atraindo a atenção de Oprah Winfrey, um ícone, celebridade do talk-show americano, do outro lado da linha estava o produtor do programa me convidando para voar à Chicago e ser entrevistado pela Oprah no dia seguinte. Fui pego de surpresa, todos nós sabemos o que significa ser entrevistado por Oprah, grande publicidade do filme, e a promoção de minha empresa ao público e ao mercado.

"Adoraria ir" disse, "mas eu infelizmente não tenho como."

"Por que não?" disse o produtor, com uma voz surpresa. Ninguém diz estar "ocupado" para o Oprah Show.

"Eu estou com um problema", respondi.
A produtora, chamada Lisa, falou - " Por favor, qual é o problema?"

"É muito complicado" -
"Vamos ver, de repente posso lhe ajudar."

Começei a explicar para um produtor não-judeu em Chicago sobre o ritual judaico de recitar o Kadish.

Sempre que tentava explicar para as pessoas sempre era confuso, me levavam para sinagogas vazias, e já estava acostumado e entendia que não seria tão fácil explicar. Mas sendo Oprah, vamos lá, tentei mais uma vez explicar.

"Sou judeu, meu pai faleceu e em nossa religião tenho que rezar três vezes ao dia uma reza chamada Kadish, onde glorificamos o nome de D-us e elevamos a alma do falecido. E para isso preciso de um quorum de 10 pessoas, chamado Minyan. Eu não posso perder este ritual e se for a Chicago, teria que, antes do show da Oprah ir para um minyan."

"Não tem problema", disse Lisa. "Você precisa de um minyan para dizer Kadish - 10 homens - serviço matinal. Eu organizarei, não se preocupe."

"Mas não é fácil" disse, "Você terá que me encontrar uma sinagoga com minyan de manhã, não adiantaria me encontrar simplesmente uma sinagoga."

Lisa foi muito paciente. "Eu enviarei um fax com os detalhes de sua passagem para seu hotel. Uma limosine irá te esperar em Chicago. O motorista lhe passará as informações necessárias. Você fará o Kadish para seu pai."

O resto foi uma "operação militar" Chegou a passagem no dia seguinte, a limosine chegou a tempo, o motorista me levou ao hotel e disse, "estarei aqui às 6:30am, seu minyan começa as 7am. Eu te buscarei as 8am e sua entrevista começa as 8:30am."

O quarto do hotel estava ótimo, dormi como um bebê. As 6:30am eu desci no lobby e lá estava o motorista. Havia um jornal no banco do carro.

Pensei - "Não posso me acostumar com isso."

Me levou até o minyan no segundo andar de uma sinagoga e assim foi.

Ao encontrar o rabino ele me disse: Bom dia, você é a pessoa que tem que fazer o kadish, correto? Fui contactado pela produção do Oprah show e me advertiram para nada falhar neste minyan.

Assim foi, olhei para o rabino e ele para mim, rimos um pouco. Fiquei impressionado com a Lisa e com a Oprah. E tive a certeza que meu pai aonde ele estivesse, ficou impressionado com tudo isso.

Depois da reza, fui levado ao Show. Fui apresentado para a Lisa, com seus 30 anos, e ela disse diretamente:

" Então, conseguiu o minyan?"

"Sim, muito obrigado."

"Foi de acordo com suas solicitações, falou o Kadish?"

"Sim, nada poderia ter sido melhor", respondi.

Ela me olhou como aquele olhar do médico que deixa a sala de cirurgia, ou talvez, como um comandante que volta de uma batalha. E me disse:

"Nada é muito complicado quando queremos".

O show começou, eles foram muito profissionais. Tive meus 5 minutos de fama. Mas o que sim posso me lembrar deste dia foi o Kadish.

(Esta história foi publicada no livro "Living Kadish - Incredible and Inspiring Stories" by Rabbi Gedalia Zweig, publicada pela Targum Press.
Traduzido do site www.aish.com
)

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