Por David Tabacof – de Israel
Senhor Presidente
Nos últimos anos resido no Estado de Israel. Vim para cá como jornalista representando diversos órgãos da mídia brasileira. (Rádio CBN, Globo Notícias e revista Shalom). Gostei do pais e fiquei por aqui. Sou judeu, apesar de ateu. Pergunte à sua assessora Clara Ant como é que pode-se ser ateu e judeu ao mesmo tempo. Ela deve saber...
Tive oportunidade, de mostrar Israel a Marta e Eduardo Suplicy há alguns anos. Nos tornamos amigos, apesar pouco nos vermos. Minha família em S.Paulo tem diversos simpatizantes do PT que apoiaram a sua candidatura inicial e na reeleição. Sendo baiano de nascimento e de “nacionalidade” (e corinthiano como todo nordestino que se presa) fiquei satisfeito com sua eleição por que tive minhas esperanças por um Brasil melhor e menos injusto aumentadas. Seu apoio popular acima de 70% é o melhor atestado de sua popularidade. Poucas vezes na história um chefe de governo, em qualquer democracia, após 8 anos deixa o poder com tal grau de aprovação. Portanto, valeu eleger um autêntico homem do povo que entendia sas necessidades.
Permita-me agora passar ao assunto desta carta:
Quero falar com V.Excia. sobre o acordo conseguido, juntamente com a Turquia, com o governo iraniano a respeito do enriquecimento de urânio. Falo na qualidade de um brasileiro-judeu residindo, neste momento, em Israel. Este país (Israel) tem sido ameaçado, seguidamente, de extinção pelo presidente iraniano Ahmedinajad e seu superior, o aiatolá Ali Khamenei. Com isto, viajam na contra mão da história e negam o Holocausto nazista que está mais que comprovado.
Para isto, realizam congressos e convidam a fina flor do fascismo anti semita na atualidade. Tenho razões para crer que V.Excia não compartilha com a negativa, dada a extensa documentação a respeito do assunto que o senhor deve ter visto no museu do Holocausto (Yad Vashem) em Jerusalém, durante a sua visita, há poucas semanas.
A negação do Holocausto judeu pelo Irã não acontece no vácuo. Serve de arma propagandística contra a existência de Israel. Os iranianos tentam vender a idéia de que se o Holocausto não ocorreu, os judeus não têm direito ao Estado de Israel. Um conceito errôneo, eis que o mvimento sionista nasceu no fim do século 19. E o mais importante: A criação do Estado de Israel foi uma resolução soberana da Assembléia Geral da ONU, cuja reunião foi presidida pelo patrício Osvaldo Aranha.
O ACORDO DE TEERÃ
Quero me referir também, especificamente, ao acordo assinado pelos governos brasileiro, turco e iraniano em Teerã, recentemente. Neste acordo, o Irã se compromete a enviar 1.200 kilos de urãnio enriquecido a 3% para fora de seu território a fim de ser enriquecido para 20%. Grande parte do mundo, porém, não está acreditando nesta promessa iraniana, dada a experiência do acordo com a Rússia e a França em outubro do ano passado, aceito pelo Irã e em seguida ignorado. Além disso, o ministro da Energia do Irã, Akbar Salehi, num desrespeito a V.Excia. e ao 1º Ministro Erdogan, declarou publicamente quando os senhores ainda estavam em Teerã e logo após a assinatura, que o Irã continuaria a enriquecer urânio. Quer dizer, os 1.200 kilos, se e quando remetidos não encerram a questão. O conflito entre o regime fundamentalista religioso com o ocidente continuará como demonstra o anúcio da Secretária de Estado, Hilary Clinton de que havia conseguido o apoio da China e Rússia a sanções contra Teerã. O que contraria a intençao brasileira de apadrinhar o acordo para por fim, de forma diplomática, à disputa.
Peço a V. Excia. que não endosse a política do Irã de propalar sua intenção de destruir um país membro das Nações Unidas. O Irã, que tem grande riqueza petrolífera, desvia grande parte de seus recursos a fim de produzir foguetes e armas, enquanto há racionamento de gasolina importada. Israel, é verdade, também vem se armando desde sua fundação. Mas, pergunto, haverá país mais ameaçado de destruição que o Estado de Israel?
Sei que a criação de Israel prejudicou o povo palestino. É possível, porém, remediar esta situação através da criação de um Estado palestino ao lado de Israel. Que já foi admitido pelo 1º, Ministro israelense, Benyamin Nataniahu.
Sou, como muitos aqui, contra a ocupação de terras palestinas que impedem a criação de um Estado para este povo. A minha impressão, colhida nas ruas, é que os israelenses desejam a paz, ardentemente. E no momento que houver um parceiro sincero, disposto a reconhecer a realidade que Israel está ai para ficar, a paz será alcançada.
Por outro lado, é importante o mundo saber que Israel pretende viver e está preparado para qualquer eventualidade.
Tomara que não precise provar.
Aceite meus parabéns pela gestão bem sucedida. Expresso nesta oportunidade minha alegria de ver um ex-operário ocupando o cargo máximo na nação brasileira com tanto sucesso.
Assino a presente em 19 de maio de 2010 em Tel Aviv, Israel.
David Tabacof
*(David Tabacof é jornalista e colaborador da Revista Shalom)
*(David Tabacof é jornalista e colaborador da Revista Shalom)
(Fonte: Notícias da Rua Judaica)
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