Translate 4 Your Language

1.6.10

CARTA ABERTA AO PRESIDENTE LULA


Por David Tabacof – de Israel
Ao Presidente Luis Inácio Lula da Silva

Senhor Presidente

Nos últimos anos resido no Estado de Israel. Vim para cá como jornalista representando diversos órgãos da mídia brasileira. (Rádio CBN, Globo Notícias e revista Shalom). Gostei do pais e fiquei por aqui. Sou judeu, apesar de ateu. Pergunte à sua assessora Clara Ant como é que pode-se ser ateu e judeu ao mesmo tempo. Ela deve saber...

Tive oportunidade, de mostrar Israel a Marta e Eduardo Suplicy há alguns anos. Nos tornamos amigos, apesar pouco nos vermos. Minha família em S.Paulo tem diversos simpatizantes do PT que apoiaram a sua candidatura inicial e na reeleição. Sendo baiano de nascimento e de “nacionalidade” (e corinthiano como todo nordestino que se presa) fiquei satisfeito com sua eleição por que tive minhas esperanças por um Brasil melhor e menos injusto aumentadas. Seu apoio popular acima de 70% é o melhor atestado de sua popularidade. Poucas vezes na história um chefe de governo, em qualquer democracia, após 8 anos deixa o poder com tal grau de aprovação. Portanto, valeu eleger um autêntico homem do povo que entendia sas necessidades.

Permita-me agora passar ao assunto desta carta:

Quero falar com V.Excia. sobre o acordo conseguido, juntamente com a Turquia, com o governo iraniano a respeito do enriquecimento de urânio. Falo na qualidade de um brasileiro-judeu residindo, neste momento, em Israel. Este país (Israel) tem sido ameaçado, seguidamente, de extinção pelo presidente iraniano Ahmedinajad e seu superior, o aiatolá Ali Khamenei. Com isto, viajam na contra mão da história e negam o  Holocausto nazista que está mais que comprovado.

Para isto, realizam congressos e convidam a fina flor do fascismo anti semita na atualidade. Tenho razões para crer que  V.Excia não compartilha com a negativa, dada a extensa documentação a respeito do assunto que o senhor deve ter visto no museu do Holocausto (Yad Vashem) em Jerusalém, durante a sua visita, há poucas semanas.

A negação do Holocausto judeu pelo Irã não acontece no vácuo. Serve de arma propagandística contra a existência de Israel. Os iranianos tentam vender a idéia de que se o Holocausto não ocorreu, os judeus não têm direito ao Estado de Israel. Um conceito errôneo, eis que o mvimento sionista nasceu no fim do século 19. E o mais importante: A criação do Estado de Israel foi uma resolução soberana da Assembléia Geral da ONU, cuja reunião foi presidida pelo patrício Osvaldo Aranha.

O ACORDO DE TEERÃ
Quero me referir também, especificamente, ao acordo assinado pelos governos brasileiro, turco e iraniano em Teerã, recentemente. Neste acordo, o Irã se compromete a enviar 1.200 kilos de urãnio enriquecido a 3%  para fora de seu território a fim de ser enriquecido para 20%. Grande parte do mundo, porém, não está acreditando nesta promessa iraniana, dada a experiência do acordo com a Rússia e a França em outubro do ano passado, aceito pelo Irã e em seguida ignorado.

Além disso, o ministro da Energia do Irã, Akbar Salehi, num desrespeito a V.Excia. e ao 1º Ministro Erdogan, declarou publicamente quando os senhores ainda estavam em Teerã e  logo após a assinatura, que o Irã continuaria a enriquecer urânio. Quer dizer, os 1.200 kilos, se e quando remetidos não encerram a questão. O conflito entre o regime fundamentalista religioso com o ocidente continuará como demonstra o anúcio da Secretária de Estado, Hilary Clinton de que havia conseguido o apoio da China e Rússia a sanções contra Teerã. O que contraria a intençao brasileira de apadrinhar o acordo para por fim, de forma diplomática,  à disputa.

Peço a V. Excia. que não endosse a política do Irã de propalar sua intenção de destruir um país membro das Nações Unidas. O Irã, que tem grande riqueza petrolífera, desvia grande parte de seus recursos a fim de produzir foguetes e armas, enquanto há racionamento de gasolina importada. Israel, é verdade, também vem se armando desde sua fundação. Mas, pergunto, haverá país mais ameaçado de destruição que o Estado de Israel?

Sei que a criação de Israel prejudicou o povo palestino. É possível, porém, remediar esta situação através da criação de um Estado palestino ao lado de Israel. Que já foi admitido pelo 1º, Ministro israelense, Benyamin Nataniahu.

Sou, como muitos aqui, contra a ocupação de terras palestinas que impedem a criação de um Estado para este povo. A minha impressão, colhida nas ruas, é que os israelenses desejam a paz, ardentemente. E no momento que houver um parceiro sincero, disposto a reconhecer a realidade que Israel está ai para ficar,  a paz será alcançada.

Por outro lado, é importante o mundo saber que Israel pretende viver e está preparado para qualquer eventualidade.

Tomara que não precise provar.

Aceite meus parabéns pela gestão bem sucedida. Expresso nesta oportunidade minha alegria de ver um ex-operário ocupando o cargo máximo na nação brasileira com tanto sucesso.

Assino a presente em 19 de maio de 2010 em Tel Aviv, Israel.


David Tabacof
*(David Tabacof é jornalista e colaborador da Revista Shalom)

Nenhum comentário:

Postar um comentário