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20.1.10

Os Judeus na Diáspora e em Israel

Por DAVID BROOKS

Os judeus são um grupo famoso e já realizado. Formam 0,2 por cento da população do mundo, mas são 54 por cento dos campeões do mundo de xadrez, 27 por cento dos que receberam o Prêmio Nobel de Física e 31 por cento do que receberam este prêmio de medicina. Os judeus constituem 2 por cento da população dos EUA, mas 21 por cento dos estudantes da Ivy League, 26 por cento dos homenageados no Kennedy Center, 37 por cento dos diretores vencedores do Oscar, 38 por cento das pessoas que aparecem na recente lista de filantropos da Business Week, 51 por cento dos ganhadores do Prêmio Pulitzer por não-ficção são judeus. No seu livro, "The Golden Age of Jewish Achievement" Steven L. Pease enumera algumas das explicações que as pessoas dizem sobre este impressionante rol de realizações.
A fé judaica encoraja a crença no progresso e na responsabilidade pessoal. É baseada no aprendizado e não rito. A maioria dos judeus desistiu ou foram forçados a desistir da agricultura na Idade Média e os seus descendentes desde então têm vivido do seu conhecimento e capacidade mental. Muitas vezes migraram, com a ambição e força de vontade de um imigrante. Eles têm se congregado nos principais pontos do globo e se beneficiam da tensão criativa endêmica de tais lugares.

Não existe somente uma única explicação possível para o número recorde de realizações dos judeus. O curioso é que em Israel o ponto forte dos judeus não são os mesmos que tradicionalmente prevalecem na diáspora. Em vez de pesquisas e do comércio, os israelenses foram obrigados a dedicar suas energias para a luta e a política. Milton Friedman costumava brincar que Israel desmentia qualquer estereótipo sobre os judeus. As pessoas costumavam pensar que os judeus eram bons cozinheiros, bons gestores econômicos e maus soldados.

Israel provou que estavam errados. As reformas econômicas de Benjamin Netanyahu, a chegada de um milhão de imigrantes russos e a estagnação do processo de paz produziu uma histórica mudança. Os israelenses com maior potencial estão indo para a tecnologia e o comércio, não para a política. Isto produziu um efeito inconstante na vida pública da nação, mas muito revigorante para a sua economia. Tel Aviv se tornou um dos mais importantes locais do mundo de empreendedores. Israel tem, por larga margem, a maior taxa de criação de empresas de alta tecnologia per capita do que qualquer outra nação no planeta. É a líder mundial em gastos ‘per capita’ com pesquisa e desenvolvimento. Ocupa a segunda posição somente atrás dos EUA do número de empresas listadas na Nasdaq.

Israel, com apenas sete milhões de pessoas, atrai tanto capital de risco quanto a França e a Alemanha juntas. Como Dan Senor e Saul Singer escreveram no "Start-Up Nation: The Story of Economic Israel's Miracle", Israel já tem um pólo clássico de inovações, um local onde tecnólogos trabalham obsessivamente junto uns dos outros e se alimentam das idéias uns dos outros.

Devido à força da sua economia, Israel tem resistido razoavelmente bem à recessão global. O governo não teve que socorrer os bancos nem provocar uma explosão nos gastos de curto prazo. Em vez disso, usou a crise para solidificar o futuro da economia de longo prazo, investindo em pesquisa e desenvolvimento e na infra-estrutura, aumentando alguns impostos sobre o consumo e prometendo diminuir outros impostos a médio e longo prazo.

Analistas do Barclays escreveram que Israel foi "quem teve a mais forte recuperação" na Europa, Oriente Médio e da África. O sucesso tecnológico de Israel é a realização do sonho sionista. O país não foi fundado para que colonos dispersos pudessem sentar-se entre milhares de furiosos palestinos em Hebron. Foi fundado para que os judeus tenham um lugar seguro para ficarem juntos e criarem coisas para o mundo.

Esta mudança na identidade israelense tem implicações a longo prazo. Netanyahu prega a visão otimista: a de que Israel será a Hong Kong do Oriente Médio, com os benefícios econômicos disseminados pelo mundo árabe. E, de fato, existem inúmeras provas que apóiam essa visão em locais como a Cisjordânia e o Jordão. Mas o mais provável é que o progresso econômico de Israel alargará o fosso entre Israel e seus vizinhos.

Todos os países da região falam de incentivos à inovação. Alguns países ricos em petróleo gastam bilhões tentando construir centros de ciência. Mas lugares como o Vale do Silício e Tel Aviv são criados por uma confluência de forças culturais, não pelo dinheiro. As nações vizinhas não têm a tradição de livre intercâmbio intelectual e criatividade técnica. Por exemplo, entre 1980 e 2000, os egípcios registraram 77 patentes nos EUA, os sauditas registraram 171. Os israelenses registraram 7.652. O boom da tecnologia também cria uma nova vulnerabilidade. Como Jeffrey Goldberg do ‘The Atlantic’ argumentou, esses inovadores são as pessoas que mais se movimentam no planeta. Para destruir a economia de Israel, o Irã não tem realmente que disparar uma arma nuclear contra o país. Ele só tem que fomentar uma instabilidade suficiente para que os empreendedores decidam que é melhor irem para Palo Alto, onde muitos deles já têm contatos e residências. Os judeus americanos tinham o costume de ter um pé em Israel no caso de as coisas ficaram ruins nos EUA. Agora são os israelenses que mantêm um pé nos EUA. Durante uma década de pressentimentos desagradáveis, Israel tornou-se um êxito surpreendente, mas também com uma grande mobilidade.

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