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24.1.10

Uma reflexão judaica sobre o TERREMOTO no HAITI

D’us, por que você fez mal a este povo?! (por Shais Taub) – Já é duro difícil imaginar o impacto de um terremoto da magnitude de 7,0 (na escala de Richter) numa área densamente povoada. Mas é muito mais difícil imaginar o que isso significa quando a maioria das pessoas afetadas já estava vivendo em condições totalmente sub-humanas.
O Haiti é o país mais pobre das Américas. Algo como um terço do seu PIB provém da assistência dada por órgãos internacionais e de países estrangeiros. O Haiti tem sido assolado por doenças, guerras, furacões e, agora, um terremoto. É inacreditável. Quando alguém, numa situação dessas, diz que sabe explicar por que isto tudo está acontecendo (“castigo Divino”, ou seja lá o que for…) — certamente este alguém não deve entender absolutamente nada do que está acontecendo…
A maioria de nós irá reagir com compaixão. Vamos sentir compaixão e empatia para com os milhões de desabrigados — que seguem procurando seus parentes perdidos e continuam sem acesso até mesmo aos recursos mais básicos da vida.
Algumas pessoas, entre nós, além de demonstrar compaixão, buscará alguma ONG ou site onde possa, rapidamente, fazer uma doação on-line para ajudar a socorrer o povo do Haiti — e farão esta doação.
Por último restará um pequeno grupo de pessoas — um número muito, muito pequeno na verdade – que vai encarregar-se de querer interpretar o significado desta catástrofe para todos nós, como se eles fossem verdadeiros “profetas bíblicos”. Eles vão tentar extrair lições de moral do que aconteceu. Talvez eles vão achar alguma razão para explicar por que o povo do Haiti merece tal destino terrível. Tais “profetas” fizeram a mesma coisa depois do furacão Katrina e depois do Tsunami. Eles são rápidos para descobrir por que as pessoas sofrem e para demonstrar às vítimas destas calamidades como elas são “um exemplo assustador da ira de D’us contra aqueles que pecam contra Ele…”
Por favor, não dêem ouvidos aos que exploram o sofrimento humano através de seu dom de oratória. Vão dizer-lhe que D’us quer nos dizer alguma coisa e que se nós não aprendemos com isso, haverá mais outra calamidade. Eu sei disso porque é assim que eles respondem a cada tragédia que atrái a atenção do mundo. O que eles relutam em admitir é que nós não temos nenhuma idéia de por que isso aconteceu. Nós não temos nenhuma idéia do porque D’us fez isso. Não há resposta que possamos entender e aceitar.
Como, então, devem reagir as pessoas de fé nesta situação? Quer dizer, além de oferecer nossas orações, nossa ajuda e nossa simpatia, como é que devemos encarar algo assim?
No sábado logo após o terremoto, em comunidades judaicas de todo o mundo, fizemos a leitura da primeira parte do livro do Êxodo (parashát Shemot), e esta parashá termina com uma queixa de Moisés a D’us: “Por que você fez mal ao seu povo?”
A resposta a esta questão surge no início da leitura da Torá (parashát Vaerá) da semana seguinte, em que D’us basicamente responde que os patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, também tiveram motivos para questionar a Ele, mas nunca o fizeram. Em outras palavras, D’us não respondeu à pergunta. Ao contrário, Ele diz a Moisés que visto sob outra perspectiva – a perspectiva dos Patriarcas – tal pergunta nem mesmo chegaria a ser formulada.
É realmente notável. D’us nunca respondeu a esta pergunta. Eu me pergunto se isso é porque D’us sabia que Moisés não seria capaz de entender a resposta… ou porque sabia que ele iria entender?
Não devemos nos sentir bem diante do sofrimento humano alheio. Certamente não devemos tentar justificar tal sofrimento como algo normal e necessário ou, pior ainda, tentar usar uma “falsa piedade” para audaciosamente explicar o inexplicável. Será que D’us tem um plano para este mundo? Será que Ele sabe que está fazendo? Sim. Será que nós somos capazes de explicar o porquê de tudo isso?
Se tentarmos explicar e justificar esta tragédia, vamos demonstrar que nós não apenas perdemos os nossos corações e sensibilidade, como também perdemos as nossas mentes…


(Fonte: Pletz.com)

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