Na semana passada viajei para visitar
meus netos e confesso que talvez essa seja a coisa que, no passado,
deveria ter feito com muito mais freqüência, apesar de que praticamente
durante metade de sua idade atual estivesse impossibilitado por reais
motivos de saúde.
Mas
como nenhum passado pode ser refeito, o importante é tratar do tempo que
dispomos atual e futuramente, aproveitando as possibilidades, como a de
observar a fantástica semelhança de preservação e continuidade que
existe entre os seres humanos, os animais e vegetais.
Como homem criado no campo e acostumado a
comparar tudo o que observo no ser humano com o que ocorre na fauna e
flora, vejo a maravilha da natureza em cada detalhe dos movimentos e
sons emitidos pelos netos.
Reconhecer nos netos características de
seus filhos, como morder a língua levemente exposta ao executar tarefas
simples, como apertar um parafuso, ou o formato da cabeça de outro, que
quando olhada por trás é exatamente como a do avô, chega a ser
engraçado, mas é uma coisa maravilhosa quando pensamos em transmissões
genéticas.
Um se parece mais com a família materna e
outro com a paterna, mas todos carregam características das duas
famílias, seja aparentemente, no comportamento, ou até no jeito de
falar. Assim como nossos filhos, os netos são diferentes entre eles, mas
todos carregam características familiares que os marcarão para sempre.
Essas características são transmitidas
geneticamente, mas nossa responsabilidade começa depois destas, com os
ensinamentos em casa, complementados pelas pelos das escolas, companhias
e ambientes que freqüentarão.
Conversando com um de meus filhos em um
desses mesmos dias, surgiu o assunto, com um exemplo concreto, de como
as influências externas ao lar podem alterar completamente os princípios
de uma pessoa e assim, notarmos diferenças enormes de caráter e
honestidade entre pessoas filhas dos mesmos pais, que receberam a mesma
educação em casa, mas freqüentaram ambientes com princípios muito
diferentes.
As influencias externas ocorrem em todos
os campos, morais, culturais, comerciais ou outros, e na formação de
nossos filhos e netos, tanto o que é desejável quanto o que não seria,
será por eles absorvido fora do lar, apesar de existirem alguns lares,
felizmente raros, onde a influência paterna é mais prejudicial do que
benéfica, por serem alcoólatras, drogados, agressores e muitas outras
possibilidades de exemplos terríveis para a criação e formação de uma
criança, quando toda influencia externa provavelmente seria melhor que a
do lar.
Geralmente, até por amor, os pais
influenciam de maneira positiva a criação de seus filhos, mas precisam
estar conscientes de sua responsabilidade não só dentro do lar, como
também das escolas e ambientes freqüentados pelos mesmos, o que não é
uma tarefa simples, implicando na participação intensiva dos pais em
todos eles.
Os princípios morais, éticos, religiosos,
de educação, respeito e saúde, são de fundamental importância no
contexto geral da formação de um jovem e precisam ser entendidos dessa
forma pelos pais, pois aqueles com formações sólidas nesses aspectos
dificilmente se envolverão com os problemas mais graves da sociedade
atual.
Os veículos de comunicação ultimamente
têm mostrado, com bastante freqüência, comportamentos sociais no mínimo
diferentes do que os pais e avós atuais estavam acostumados a ver e isso
pode e deve ser debatido nos lares, entre pais e filhos, até para que
entendam que aceitar uma escolha é diferente de achá-la o normal.
Como pais e avós, precisamos entender
que a formação familiar é, e continuará sendo, a principal base de toda
sociedade, independentemente da religião, regime político, ou posição
social e cultural de cada indivíduo.
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