Recebi um texto bastante interessante
sobre uma pessoa que havia morrido intempestivamente e iniciou um bate
papo com aquele ser diferente, a morte, que havia vindo buscá-la. A
pessoa perguntava então sobre o que poderia levar, desde bens materiais,
amigos, até o próprio corpo.
As respostas, sempre negativas, mas
explicadas com delicadeza, davam conta que os bens materiais não lhe
pertenciam, só haviam sido emprestados, os amigos eram peças do caminho,
os filhos, do mundo, o corpo, da terra e, finalmente, concluindo que
literalmente nada levaria, perguntou então o que na vida que acabara
fora realmente dele. A resposta foi que dele sempre foi cada segundo de
existência, o tempo.
Refletindo sobre o texto, percebi sobre
como nunca me preocupei com a única coisa que realmente me pertence, o
tempo, que pode ser utilizado como e quando eu quiser.
Sobre o tempo passado, penso que poderia
ter brincado, estudado, lido, trabalhado, ou qualquer outra atividade em
maior ou menor quantidade do que fiz, mas isso agora já não interessa,
pois não há como mudar.
Cuidar mais ou menos da saúde, beber,
fumar ou praticar esportes, em qualquer quantidade, também é uma opção
de cada um e o que fiz com essas alternativas também não poderá ser
alterado.
Desenvolvendo raciocínios como esses,
acabo percebendo coisas que poderia ter feito de outra maneira e quantas
repetiria, mas que minha única alternativa atual é, analisando esse
passado, tentar corrigir as escolhas erradas e fazer muito mais das que
acertei.
Seria insensatez repetir erros que já me
convenci realmente terem sido erros, como voltar a fumar quando já havia
parado. Mas vejo pessoas conscientes, maduras, repetirem erros como
esse, com as mesmas desculpas sempre utilizadas por todos, que estavam
em uma fase difícil, ansiosos, etc..., sem pensar no bem mais precioso
que possui: a vida, ou na daqueles que os cercam, como seus filhos.
Depois de determinada idade, nossa vida
passa a incluir outras pessoas, como esposa, filhos e até netos, que não
podem nos impedir de realizar nada, mas sofrerão as consequências de
nossos erros, como uma doença provocada por bebidas ou cigarros, o que
imagino ser motivo suficiente para que todos tenhamos mais
responsabilidades com as decisões que tomaremos, em qualquer área, de
relacionamento, comercial ou de lazer.
Os prazeres terrenos como os da leitura,
esportes, aventuras ou mesmo os físicos, são incontáveis e cada um de
nós possui o dom de poder escolher o que mais lhe agrada, mas quando
isso envolve outras pessoas é necessário também levarmos em consideração
os riscos de nossas opções, para que suas consequências não afetem
exatamente aqueles a quem mais queremos bem.
Já errei bastante em muitas áreas e não
me arrependo de praticamente nenhum deles, à exceção daqueles que hoje
percebo, provocaram dor em meus filhos, como meu recente acidente e suas
consequências. Entendo agora que um dos prazeres por mim escolhido, as
viagens de moto, foram fantásticas, me deram muito prazer, mas também
provocaram sérias consequências, em mim e nos meus.
Como desde nosso nascimento estamos cada
vez mais estamos próximos da conversa com aquela que virá nos acompanhar
na última viagem, precisamos estar sempre atentos para a única coisa
que realmente nos pertence: nosso tempo e como o utilizamos.
Vivendo sem muito querer, mas nunca
deixando de tentar tudo o que se quer, ser ou ter, seremos e teremos
tudo o que pudermos ser, ou ter, sem provocar dor em nossos próximos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário