Em uma rede social reencontrei uma
querida amiga de juventude que me enviou um texto de Mário Quintana, 'O
laço e o abraço', onde o autor faz relações entre um laço e vários
sentimentos humanos como amizade, carinho e amor, de um modo simples,
espetacular.
Dizia que o laço era engraçado, que se
enroscava, mas não embolava. Que por mais que o laço apertasse algo, um
presente, um vestido ou um cabelo, quando tinha uma de suas pontas
puxada liberava totalmente o que envolvia, sem tirar ou perder nenhum
pedaço.
É interessante como, com um exemplo tão
simples, o autor consegue nos levar a pensamentos tão diversos e a
perceber como isso se encaixa em uma quantidade imensurável de assuntos
da vida, da infância à maturidade.
Amizades, paqueras, namoros ou
casamentos, nunca foram e jamais serão mantidas com proibições, amarras
ou condições, o que só acabamos entendendo com nossa maturidade.
O egoísmo humano pode ser observado desde
nossa infância, como na situação sempre lembrada por todos, em que o
menino dono da bola quer levá-la embora e acabar com o jogo quando algo
na partida não lhe agrada.
Pessoas se comportam como se pudessem ser
donas de outras pessoas, assim como de objetos que lhes pertencem, não
percebendo que a única maneira de se manter alguém ao seu lado é fazendo
com que ela tenha prazer em sua companhia.
Novas experiências, como assistir a um
filme atual, ler um livro, sair para um lanche com uma amiga ou
reencontrar pessoas queridas, só farão bem às pessoas, independentemente
de sua condição social, cultural ou de seu estado civil.
Os que buscam impedir o encontro ou
reencontro de sua parceira com novas ou antigas amizades, só conseguirão
que a mesma tenha que fazer isso às escondidas, ficando privada
inclusive de partilhar, com eles mesmos, o quanto se sentiu bem e se
emocionou ao rever parte de sua história. Impedirão que a felicidade da
parceira seja ainda maior, podendo com ele partilhar seus sentimentos e
emoções.
Abrindo totalmente as possibilidades, os
amigos ou parceiros só estarão conosco se realmente for o seu desejo, o
que, consequentemente, tornará o relacionamento muito mais interessante e
com muito maiores chances de felicidade mútua, pois como diz Quintana, o
laço segura, mas não amarra, permitindo que se desfaça a qualquer
momento, sem tirar pedaços.
A imaturidade é que nos faz ter o medo da
perda e procurar os mais diversos tipos de tentativas de amarrações,
sejam proibitivas, emocionais, pactuais ou contratuais, com ou sem
testemunhas, mas que jamais serão efetivas se realmente não houver a
única possibilidade viável: a vontade do outro.
Só com a maturidade acabamos percebendo
algo por nós antes ignorado, ou sequer considerado, em qualquer tipo de
relacionamento: A inutilidade de uniões desejadas unilateralmente.
Pessoas, independentemente de sua proximidade ou parentesco, jamais
serão felizes ao nosso lado se isso não for o que querem.
Abrindo e deixando suas portas
permanentemente abertas, todos entrarão e sairão quando quiserem, só
permanecendo ao nosso lado os que realmente desejarem.
O ambiente iluminado e saudável é o
que está com as portas e janelas abertas, permitindo a entrada da luz do
sol, do luar, das correntes de ar e dos pássaros, que vem cantar sua
felicidade.
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