Um velho de ouro com um relógio de luto caminhava pela Cidade do Cabo sem saber o que fazer, nem para onde correr.
Anton, com sua idade avançada continua o mesmo, com dúvida de tudo e todos. "Aproveito os segundos que me restam", dizia ele. "Não sei como, mas aproveito de alguma forma, eu acho."
Chegou a ver o Apartheid pelos dois lados e por inteiro. Não entendia. Dizia que "separação por cor de pele não podia existir" e que "os africâners são as melhores pessoas que já conheceu" e que "eles também sabem fazer rir como ninguém."
No final da vida, Anton vê a expectativa de seu país sediar o Campeonato Mundial de Futebol. Não entendia também. "Libertaram o Mandela ontem e já querem chegar ao nível europeu?"
Ele não entendia nada, nem quando seu conservado relógio de ponteiro parava de funcionar.
(A frase "Um velho de ouro com um relógio de luto" foi extraído de um poema de Jacques Prévert.)
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