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12.12.11

Feliz Chanukah ou Feliz Natal?

 

Estamos nos aproximando de Chanuká, a festa das luzes, comemorando a vitória dos Macabeus contra o helenismo e o império greco-romano, que tentaram impedir os judeus de praticarem seu judaísmo. Esta foto tirei na cidade de Aventura, em Miami, muito perto do Aventura Mall. O outdoor diz, em hebraico transliterado: "Lifnei she Chanuká iaafoch le Christmas, Higuia Hazman Lachzor Laaretz." Cuja tradução ao português seria: "Antes que Chanuká se transforme em Natal, chegou a hora de voltar para Israel."
Essa foi uma propaganda feita pelo governo israelense, pela sochnut yaehudi para incentivar os israelenses que moram nos Estados Unidos a retornarem para Israel. E o número de israelenses vivendo nos Estados Unidos já passa de 1 milhão (entre os oficiais e os "extra"-oficiais).

Proponho a seguinte pergunta: Será que esta seria a solução para acabar com a assimilação; dissociar Chanuká do Natal, fazendo a distinção do sentido de cada festa, e incentivando os judeus a fazer aliá, ou retornar para Israel, para que possam vivenciar um estilo de vida mais judaico? De uma certa forma sim; ajudaria, já que em Israel praticamente não se comemora o Natal, e o índice de assimilação é pequeno ainda. Na galut, fora de Israel, a realidade é, de fato, outra: o índice de assimilação está acima dos 50%, ou seja, de cada dois casamentos judaicos, um é misto.

Portanto, por um lado, concordo com a propaganda: um israelense ou judeu, em Israel, tem menos chances de se assimilar. Discordo, no entanto, que esta seja a única solução, já que nem todos se adaptam à vida em Israel. Nem todos têm a chance - a possibilidade financeira, social ou o contexto pessoal - de se mudar para Israel. Este é um ideal que muitas vezes requer esforço e um certo sacrifício e, embora existam aqueles que estão dispostos a enfrentar as dificuldades de adaptação, outros não têm condição de transportar-se para esta nova e tão distinta realidade.

O que poderia ser um outro remédio para a assimilação, então? Os judeus que estão frequentando as sinagogas, kollelim, estudando Torah, praticando o judaismo, respeitando o shabat, comendo comida kasher, mesmo fora de Israel - estes estarão mais imunes, e provavelmente, nestes meios, Chanuká não se transformará em Natal, e uma árvore decorada terá menos chance de aparecer ao lado de um candelabro de Chanuká. Em primeira análise, Chanuka é uma festa de luzes, e de fato neste sentido, bastante superficial, a árvore de natal toda iluminada guarda semelhanças.


A ameaça dos lendários inimigos do nosso povo; Haman (ministro do rei Assuero no Irã (Persia), na época da rainha Esther) e Hitler (versão moderna de Aman), cujo brado é a aniquilação do povo judeu e dos seus descendentes, a exterminação da memória de qualquer rastro judaico no mundo - é distinta em sua essência àquela que levou os Macabeus ao fronte de batalha. A história dos Macabeus em Chanuká retrata um inimigo aparentemente mais afável - os gregos ofereceram a chance de não matar nem fazer nenhum mal ao nosso povo, desde que estivéssemos dispostos a abdicar do judaísmo e seus preceitos - seriam banidos a circuncisão, o estudo da Torah e a comemoração das festas (Yom Tov). Os sábios da época declararam guerra porque perceberam que o inimigo explíc ito gera uma necessidade de combate na alma. Já este, que se apresentara naquele momento, era um inimigo sedutor, dissimulado, e tanto mais perigoso. O helenismo, aos poucos, exterminaria pela raíz, erradicando a essência, e destituindo o nosso povo daquilo que nos define como judeus.

Assim, coloquemos a seguinte questão para a nossa festa de Chanuká deste ano de 2011: Se o judaísmo para nós permanecer somente uma bela tradição a ser preservada em sua mais agradável modalidade alimentar (ocasionais visitas às iidiche mames recheadas de keidlachs e farfeles e afins), ou uma história a ser contada em forma de lenda distante; então de fato o Chanuka Guelt pode servir para comprar presentes de Natal, e as sufganiot (aqueles sonhos recheados de geléia) ou os latkes serão um saboroso acompanhamento para o Peru de Natal - correto?

 

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