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28.9.10

Kafka - O Seu Último Julgamento


Durante sua vida, Franz Kafka queimou quase que 90 por cento da sua obra. Após sua morte aos 41 anos, em 1924, uma carta foi descoberta em sua escrivaninha em Praga e dirigida ao seu amigo Max Brod.

Começa com "Querido Max". "Meu último pedido: Tudo o que eu deixo. . . na forma de diários, manuscritos, cartas (minhas e dos outros), esboços e qualquer outro, deve ser queimado sem serem lidos".

Menos de dois meses depois, Brod, ignorando o pedido de Kafka, assinou um acordo para preparar uma edição póstuma de obras inéditas de Kafka. "O Julgamento" foi publicado em 1925, logo seguido por "O Castelo" (1926) e "Amerika" (1927).
Em 1939, carregando uma mala recheada de papéis de Kafka, Brod foi para a Palestina no último trem que deixou Praga, apenas cinco minutos antes que os nazistas fechassem a fronteira Checa. Graças em grande parte aos esforços de Brod, o pequeno, magro e enigmático Kafka foi gradualmente reconhecido como um dos grandes monumentos da literatura do século 20.

Por sua vez o conteúdo da mala de Brod tornou-se motivo de mais de 50 anos de discussões legais. Embora que cerca de dois terços das obras de Kafka foram parar na Biblioteca Bodleian de Oxford, o restante - acredita-se que compreendem desenhos, diários de viagem, cartas e desenhos – ficou na posse de Brod até a sua morte em Israel em 1968, quando as entregou para sua secretária e suposta amante, Esther Höffe.

Após a morte de Höffe no final de 2007 aos 101 anos, a Biblioteca Nacional de Israel questionou a legalidade do seu testamento, que deixa as obras como herança para suas duas filhas septuagenárias, Eva Höffe e Ruth Wiesler. A biblioteca está reivindicando a posse conforme os termos do testamento de Brod.
O caso tem se arrastado já por mais de dois anos. Se o tribunal decidir a favor das irmãs, eles estarão livres para seguirem o plano de Eva que quer vender alguns ou todos os papéis para o Arquivo Alemão de Literatura em Marbach. Também poderão guardar o que não venderem nos cofres de bancos suíços e israelenses e no apartamento delas em Tel Aviv, que Eva partilha com um número não divulgado de gatos.

Esta situação tem sido repetidamente denominada de kafkiana, refletindo, talvez, a estranheza da idéia de que a obra de Kafka possa ser propriedade privada de alguém. Não foi isso que demonstrou Brod, quando ignorou o último testamento de Kafka: pois que as obras de Kafka, nem sequer eram propriedade privada de Kafka, mas sim que pertenciam a toda Humanidade.

A íntegra do artigo em inglês:
http://www.nytimes.com/2010/09/26/magazine/26kafka-t.html?_r=1&hp



"O autor que deixou Ian Curtis, e outros 'poetas desesperados' existir. Um dos melhores autores de todos os tempos, sem dúvidas! Tinha que ser judeu, rs! Danke, Franz!"

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