Constantemente recebo e-mails mostrando
pessoas com dificuldades físicas enormes e mesmo assim realizam o que
muitos imaginavam ser impossível. Vídeos mostram desenhistas e pintores
fazendo isso com a boca ou os pés, por não possuírem as mãos, tocando
piano com os pés e diversos outros exemplos.
Pessoas amigas e até algumas
desconhecidas tentavam, com esses vídeos, incentivar minha luta com um
problema de locomoção que se estendeu por mais de dois anos e certamente
me sentiria péssimo se não superasse aquelas minhas dificuldades, pois
eram muito menores que os exemplos citados.
Assistindo a vídeos como esses, ou
observando pessoas com as quais nos deparamos durante a vida,
rapidamente percebemos como estamos acostumados a reclamar de tudo, de
uma simples contrariedade ou de qualquer dificuldade, por menor que
seja.
Reclamamos por não estarmos melhor mesmo
quando estamos bem, mas nunca nos lembramos de olhar para os lados, onde
notaríamos que sempre existem situações bem mais difíceis que as nossas
sem fazer qualquer tipo de reclamação, mas buscando alternativas para
solucionar seus problemas.
Na infância, com a educação recebida dos
pais ou com influências externas, da escola ou de amigos, será formada a
personalidade daquele que espera ajuda e do que busca soluções. Apesar
de difícil para os pais, melhor educador é aquele que não dá tudo o que o
filho quer, ou mesmo precisa, mas o ensina a buscar.
Logo no início, o filme da vida de Ray
Charles mostra o sofrimento de sua mãe que, quando o filho ficou cego,
não o ajudava em nada, deixando que ele, mesmo com tal dificuldade,
aprendesse a conviver com seu problema.
Dizia que não podia ajudá-lo, pois
certamente iria morrer primeiro e ele sofreria muito se dependesse dos
outros para tudo. O resultado dessa educação foi o que todos conhecem,
um dos maiores sucessos musicais norte americano de todos os tempos, que
cantava e tocava piano maravilhosamente.
Outros pais pensando ajudar seus filhos
fazem tudo por eles, superprotegem, não dando sequer espaço para que os
mesmos aprendam e, com esse comportamento, acabam criando filhos
despreparados para o mundo, que verão dificuldades em tudo e reclamarão
de tudo e de todos.
Pessoas criadas dessa forma serão
incapazes de procurar soluções para qualquer dificuldade que ocorrer,
por simplesmente nunca terem precisado fazer esse tipo de busca. E no
jogo da vida, aquele que quando cai fica sentado, olhando para os lados,
não faz gols. A cada queda o jogador precisa se levantar e correr atrás
da bola, para recuperá-la e novamente tentar marcar pontos.
Por outro lado, o passado não pode ser um
limitador de objetivos futuros e mesmo com maior dificuldade, por sua
inexperiência, aquele que nunca fez poderá realizar tarefas até então
para ele desconhecidas, pois mesmo que tardiamente, os homens estão
sempre prontos para aprender.
Nossos fracassos e conquistas diante das
dificuldades são de nossa única responsabilidade e devem servir de
exemplo para que possamos chegar onde pretendemos.
São admiráveis aqueles que nem mesmo as
maiores limitações físicas conseguem impedir que façam as mudanças de
curso necessárias e procurem novas alternativas para continuar suas
buscas e atingir seus objetivos.
O potencial criativo e de superação
do ser humano é imensurável e só é capaz de usá-lo aquele que, por algum
motivo, dele necessita.
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