No reino animal o ser humano talvez seja o
que nasce com maior dependência. Normalmente os irracionais já ficam em
pé logo ao nascer, imediatamente procurando o úbere materno para mamar,
o que não ocorre com os humanos.
A dependência, em todas as espécies,
permanece por um bom período, em geral durante a infância e a juventude,
apesar de atualmente os jovens humanos procurarem manter essa condição
pelo maior tempo possível.
Ao sairmos dos cuidados paternos passamos
a caminhar por uma estrada única, da nossa própria vida, quando seremos
o próprio motorista, que escolherá o próprio caminho, a velocidade, o
tipo de pista, o veículo e nela não haverá vigilantes rodoviários.
As escolhas nos levam a estradas com mais
ou menos pistas, com melhor ou pior asfalto, valetas, terra, pântano,
locais de planície ou de morros, ou de climas mais amenos, quentes ou
frios. Coisas que aprendemos no passado e até mesmo as atuais sugestões
paternas não serão sequer consideradas em virtude de já nos entendermos
mais preparados do que eles.
No caminho encontraremos pessoas que
poderão ou não nos acompanhar, tornando essa viagem mais prazerosa, ou
enchendo-a de pedras. Poderão contar piadas ou histórias tristes, dar
dicas de caminhos mais fáceis ou fornecer informações erradas que nos
levarão a uma estrada sem saída, ao pé do morro.
Os que nos acompanharem poderão
desembarcar durante a viagem por vontade própria, por haverem chegado ao
seu ponto final, ou por nosso desejo, de não desejarmos mais continuar a
viagem com eles e interrompermos a carona que lhes foi dada.
No pensamento, a estrada poderá ser
percorrida, durante toda sua duração, com velocidade bastante lenta ou
de anos-luz e a capacidade da memória poderá ser de alguns bytes ou de
muitos Terabytes. Tudo dependerá da quantidade da sua busca e do
armazenamento de informações que escolher fazer.
O conforto ou desconforto dessa viagem é
uma opção pessoal e mesmo assim há pessoas que não percebem, ou não
assumem, que serão as únicas responsáveis pelas escolhas e suas
consequencias, seus resultados.
Ao realizarmos auto-críticas, temos a
possibilidade de refazer nossas escolhas. Podemos olhar ao longo da
estrada para trás e para frente e escolher se continuamos por ela ou
pegamos outra que sai para o lado em direção bastante diferente, ou
mesmo uma que mais adiante caminhará paralelamente a esta.
Buscando ser disciplinados podemos
inclusive nos aplicar multas, algumas merecidas e outras nem tanto, ao
percebermos excessos e erros nas conduções físicas, alimentares ou
quaisquer outras. Nossa mente está sempre pronta para pensar em novas
alternativas, mudanças ou retorno ao início.
O importante é que façamos as correções
necessárias, que alteram a duração da viagem, tornando-a mais curta ou
longa, rápida ou demorada, com mais ou menos paisagens, pessoas e
lugares novos para se conhecer.
Pequeno é o que continua dependente,
até sobre suas opções, e não se dá ao direito de corrigir seu próprio
rumo, sua velocidade ou mesmo seus acompanhantes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário