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4.8.11

MESHUGAS


Duas semanas atrás choramos a morte de minha avó. Claro que é sempre mais profunda a dor da perda de um ente próximo. Mexe na nervura do coração e da mente. Do ente que somos de nós mesmos. Eis que, ainda na trilha do luto, as imagens de Vila Rosaly a latejar sempre, vejo as cinzas de Amy Winehouse serem sepultadas numa cerimônia judaica de cremação. Nem vou entrar aqui no mérito disso, sou um liberal, não vou logo julgando os modos das pessoas, com as liturgias é sempre assim, há a ortodoxia, as cismas, no sentido da intolerância e no sentido da separação, mas tudo que é feito com amor e sinceridade, a meu ver, vale (vem-me à mente a história do judeu inculto que assovia a Deus, na falta do que dizer, e é repreendido pela comunidade "culta" que sequer reza, apesar de ter ali seus livros). Vejo também na televisão o "triunfo" do terrorista norueguês e penso naquela história de culpar os muçulmanos por tudo. A morte está no espírito e nas mãos daqueles que veem nas ideias verdades absolutas e inquestionáveis. O dogma é uma precondição para a religião, mas felizmente ele é sempre rompido, e do diálogo subsequente se cria um equilíbrio. Sorte (entre aspas...) que o norueguês não era judeu, mas um filho desta Europa cristã que não quer pagar a conta dos tempos coloniais. Não, contudo, impossível que amanhã nos apareça um patrício sanguinário. Nenhum povo é melhor do que o outro, nenhuma religião é mais santa, e só a razão, temperada com o espírito, nos tirará do atoleiro final. Shalom.

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