FERNANDO GALLO
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
"Você acha que a gente sabe fazer uma campanha política, que a gente entende de marketing político? Zero. A gente não entende nada. Tentamos ajudar um cara que é muito engraçado a falar um negócio engraçado."
Os humoristas do "Café com Bobagem" Zé Américo e Ivan de Oliveira sabem de marketing político tanto quanto Tiririca da Câmara dos Deputados, mas são dois dos responsáveis pela campanha de TV que deu 1,3 milhão de votos ao candidato mais votado do Brasil.
Em 2009, o palhaço ligou para Zé Américo --de quem ficou amigo há mais de dez anos, quando a canção "Florentina" estourou em todo o país-- para contar que havia sido convidado a engrossar o time de candidatos do Partido da República (Fusão dos antigos Partido Liberal e Partido da Reedificação da Ordem Nacional, o PRONA, do finado Deputado Enéas Carneiro).
Surpreso, o amigo recomendou que ele pensasse bem para não ser "mais um".
Nove meses se passaram e Tiririca voltou a ligar. Desta vez para convidar os dois amigos --são próximos a ponto de frequentarem as respectivas casas-- a criar frases engraçadas para impactar os eleitores e angariar votos na televisão.
Com a habilidade de quem faz piadas como troca de roupa, os parceiros humoristas fizeram surgir as polêmicas piadas da campanha.
Ivan fez a rima "pra deputado, vote no abestado". Zé Américo saiu-se com "o que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto".
Num rompante de estúdio, durante as gravações, o editor Peter Lucas de Araújo, que trabalhou com ambos no SBT e foi convidado a integrar o time, soltou o já clássico "pior que tá, não fica".
O ex-diretor de programas do SBT Marcos Ramos sugeriu as dancinhas. Mas nada disso, segundo os companheiros, teria dado certo não fosse o talento de Tiririca.
"Um humorista que nem o Tiririca tem graça própria. Você fala um negócio, mas na boca dele é muito melhor. Acho que é por isso que a campanha chamou a atenção", diz Zé Américo.
"Ele não é falso, é daquele jeito mesmo. Você pode ver na TV. Ele não tava lendo. Todos os outros candidatos estavam", corrobora Ivan.
Os humoristas foram pagos pelo PR pelo trabalho, mas não revelam quanto ganharam. Afirmam que fariam até de graça porque Tiririca é um grande amigo.
Nenhum dos dois conta quem foi o responsável pelo convite a Tiririca, embora afirmem que tudo passou pelo presidente do PR-SP, José Tadeu Candelária.
Zé Américo e Ivan ficaram impressionados com a ousadia da direção do partido em dar aval para uma campanha tão ímpar e inusitada.
"Os caras são doidos de deixar a gente fazer isso e colocar dessa forma. Porque é muito chocante. Você brincar é uma coisa, mas deixar colocar dessa forma, achei bastante ousado", diz Zé Américo, ainda espantado.
Ele e Ivan já foram criticados por amigos politizados por terem topado o trabalho. "Tem gente que tem suas convicções políticas, se revolta, fala 'não, isso é uma brincadeira de mau gosto'. Mas não vi nenhuma propaganda que diga 'se você não votar no Tiririca, nós vamos matar sua mãe e toda sua família'", justifica ele.
"É o mesmo trabalho de um mecânico. 'Você sabe arrumar um motor?' 'Sei'. Mas eu sei que um mecânico não vai arrumar um milhão de votos pra ninguém", diz.
Os dois humoristas garantem: apertaram 2222 no último domingo e ajudaram a eleger, na urna como na TV, o candidato a deputado federal mais votado do país.
(Fonte: Folha OnLine)
"Com uns marqueteiros assim, até eu me elegeria!"
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