Por Marcelo Horn
Ao contrário do que se poderia imaginar,
os judeus cubanos podem expressar sua fé livremente e as famílias
interessadas têm autorização do governo para fazer aliah quando
desejarem. A comunidade, que possuía 15 mil membros antes da revolução,
hoje é composta de 1.500 pessoas, concentradas, em sua grande maioria,
em Havana. Quase todos chegaram ao país a década de 30, e a intenção
final era chegar ao território americano. O visto, porém, foi negado a
centenas de famílias que acabaram se estabelecendo na ilha. Os
ashquenazis cubanos provêm de diversos países do Leste Europeu enquanto
todos os sefaraditas são oriundos da Turquia.
Há cinco sinagogas na ilha, sendo quatro
na capital e uma em Santiago de Cuba, e dois cemitérios. Todos os
feriados são comemorados e aproximadamente três casamentos e cinco
bar-mitzvot são celebrados anualmente. Estas cerimônias são marcadas de
acordo com a visita do rabino Schmuel Steinhandler, argentino radicado
no Chile, que viaja a Cuba a cada dois meses. Não há um rabino
permanente na ilha. Os brit-miláh são realizados nos hospitais públicos
por cirurgiões judeus (também não há um mohel) e, depois, a cerimônia é
feita com a presença do rabino. Quase todos os casamentos são mistos e o
cônjuge realiza um curso de conversão posteriormente aprovado por um
tribunal rabínico.
A sinagoga Beth Shalom, no elegante bairro
de Vedado, segue a linha conservadora. Foi inaugurada em 1953 e sua
sede, impecavelmente conservada, possui salão de festas, biblioteca com
computador ligado à internet (raro em Cuba) e sinagoga com ar
condicionado e assentos revestidos de veludo. O tradicional Sunday
School se encarrega de transmitir aos jovens a tradição e os princípios
judaicos e uma farmácia fornece medicamentos - inclusive para não judeus
– no caso de falta desses produtos no serviço público. Uma nova torá
será recebida em novembro, vinda diretamente de Israel.
Dentre as celebridades que visitaram a
Beth Shalom destaca-se o cineasta Steven Spielberg, em 2002. O
presidente Fidel Castro, com a saúde já debilitada, esteve na sinagoga
pela última vez em 2010 e o irmão Raul encontra a comunidade no Yom
Kippur ou Rosh Hashaná.
Na Cidade Velha de Havana fica localizada a
Adath Israel, sinagoga de orientação ortodoxa fundada por poloneses em
1924. Duas sessões de reza, freqüentadas por asquenazis e sefarditas,
são realizadas diariamente, uma pela manhã e outra à tarde. Todos os
dias são fornecidas gratuitamente três refeições aos membros da sinagoga
e a alimentação é sim casher. A instituição compra galinhas vivas que
são abatidas por um shocet rigorosamente de acordo com a tradição
judaica.
Adela Dworin, presidenta da Casa de la
Comunidad Hebrea de Cuba, é a representante principal dos judeus na
ilha. “Não há antissemitismo nem qualquer tipo de discriminação em Cuba.
Nossas sinagogas estão abertas diariamente sem nenhum esquema de
segurança. Temos tranquilidade” afirma, orgulhosa.
(Texto e fotos de Marcelo Horn. Álbum de família: fotos de Fidel, Spielberg e Pessach)
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