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12.12.11

JUDEUS EM CUBA (Cuban Jews)

Por Marcelo Horn

Ao contrário do que se poderia imaginar, os judeus cubanos podem expressar sua fé livremente e as famílias interessadas têm autorização do governo para fazer aliah quando desejarem. A comunidade, que possuía 15 mil membros antes da revolução, hoje é composta de 1.500 pessoas, concentradas, em sua grande maioria, em Havana. Quase todos chegaram ao país a década de 30, e a intenção final era chegar ao território americano. O visto, porém, foi negado a centenas de famílias que acabaram se estabelecendo na ilha. Os ashquenazis cubanos provêm de diversos países do Leste Europeu enquanto todos os sefaraditas são oriundos da Turquia.


Há cinco sinagogas na ilha, sendo quatro na capital e uma em Santiago de Cuba, e dois cemitérios. Todos os feriados são comemorados e aproximadamente três casamentos e cinco bar-mitzvot são celebrados anualmente. Estas cerimônias são marcadas de acordo com a visita do rabino Schmuel Steinhandler, argentino radicado no Chile, que viaja a Cuba a cada dois meses. Não há um rabino permanente na ilha. Os brit-miláh são realizados nos hospitais públicos por cirurgiões judeus (também não há um mohel) e, depois, a cerimônia é feita com a presença do rabino. Quase todos os casamentos são mistos e o cônjuge realiza um curso de conversão posteriormente aprovado por um tribunal rabínico.


A sinagoga Beth Shalom, no elegante bairro de Vedado, segue a linha conservadora. Foi inaugurada em 1953 e sua sede, impecavelmente conservada, possui salão de festas, biblioteca com computador ligado à internet (raro em Cuba) e sinagoga com ar condicionado e assentos revestidos de veludo. O tradicional Sunday School se encarrega de transmitir aos jovens a tradição e os princípios judaicos e uma farmácia fornece medicamentos - inclusive para não judeus – no caso de falta desses produtos no serviço público. Uma nova torá será recebida em novembro, vinda diretamente de Israel.

Dentre as celebridades que visitaram a Beth Shalom destaca-se o cineasta Steven Spielberg, em 2002. O presidente Fidel Castro, com a saúde já debilitada, esteve na sinagoga pela última vez em 2010 e o irmão Raul encontra a comunidade no Yom Kippur ou Rosh Hashaná.


Na Cidade Velha de Havana fica localizada a Adath Israel, sinagoga de orientação ortodoxa fundada por poloneses em 1924. Duas sessões de reza, freqüentadas por asquenazis e sefarditas, são realizadas diariamente, uma pela manhã e outra à tarde. Todos os dias são fornecidas gratuitamente três refeições aos membros da sinagoga e a alimentação é sim casher. A instituição compra galinhas vivas que são abatidas por um shocet rigorosamente de acordo com a tradição judaica.

Adela Dworin, presidenta da Casa de la Comunidad Hebrea de Cuba, é a representante principal dos judeus na ilha. “Não há antissemitismo nem qualquer tipo de discriminação em Cuba. Nossas sinagogas estão abertas diariamente sem nenhum esquema de segurança. Temos tranquilidade” afirma, orgulhosa.
(Texto e fotos de Marcelo Horn. Álbum de família: fotos de Fidel, Spielberg e Pessach)

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