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29.5.11

LIBERDADE DE OPINIÃO (Benjamin Zymler)

MINISTRO BENJAMIN ZYMLER
Presidente do Tribunal de Contas da União

Benjamin Zymler (Rio de Janeiro, 25 de março de 1956) é engenheiro e ministro do Tribunal de Contas da União. Filho de imigrantes judeus da Polônia, Benjamin formou-se em Engenharia Elétrica pelo Instituto Militar de Engenharia. Trabalhou em Furnas Centrais Elétricas e na iniciativa privada até 1992, quando ingressou no Tribunal de Contas da União como Analista de Finanças e Controle Externo, mediante concurso público. Formou-se, ainda, em Direito, com mestrado, pela Universidade de Brasília. Prestou concurso em 1996 para ao cargo de Auditor do próprio tribunal, sendo aprovado e empossado em 1998. Com a aposentadoria do ministro Bento Bugarin, foi indicado pelo presidente da república Fernando Henrique Cardoso a vaga destinada a Auditores do TCU. Aprovado pelo Senado Federal, foi empossado em 11 de setembro de 2001.

Preside o Tribunal de Contas da União desde Janeiro de 2011.
O que o senhor fez de mais importante em sua vida?

– Acredito que a atividade do homem pode ser dividida em duas áreas, a profissional e a pessoal. Junto à família, compartilho tanto os sucessos e alegrias como os momentos de crise. A família, minha fonte de inspiração, foi o que constituí de mais importante na vida.

O que o senhor lamenta não ter feito e o que ainda deseja fazer de importante?

– No campo profissional, alcancei o ápice da carreira, ao ocupar a função de Presidente do Tribunal de Contas da União. Por essa razão, no aspecto profissional, nada mais tenho a desejar. Quanto à área pessoal, o esporte representa um componente fundamental na minha vida. Eu gostaria de ter sido um bom jogador de qualquer modalidade esportiva, mas isso não foi possível. Nesse ponto, fica uma lacuna.

Diante da multiplicidade de disputas e conflitos étnicos e raciais se generalizando em todo o mundo, o senhor acha que a humanidade caminha para tempos sombrios?

– A humanidade evolui em ciclos. Houve determinados momentos em que os conflitos étnicos e raciais se radicalizaram, como no período da Idade Média, em que ocorreu a Inquisição, na época da escravidão e durante a Segunda Guerra Mundial.  Os conflitos sempre vão existir. Hoje, contudo, há fóruns multilaterais que possibilitam um compartilhamento de valores como a igualdade e a dignidade da pessoa humana, além de instituições que buscam proteger exatamente os direitos individuais, relacionados à personalidade, à vida, à propriedade, à livre expressão, bem como os direitos sociais e políticos. Os direitos fundamentais são reconhecidos mundialmente, por meio de tratados e outros instrumentos do Direito Internacional. A humanidade ainda enfrentará períodos difíceis, mas, do ponto de vista mais amplo, acredito que caminha para tempos menos sombrios e de maior compreensão em face das diversidades.

O senhor concorda com o balizamento estatal e religioso nas opções e preferências de cada indivíduo, incluindo a comunicação, a opção sexual, vestimenta, o fumo e a bebida?

– A questão é muito abrangente e envolve os direitos relacionados à vida privada, à liberdade de pensamento, bem como às opções do ser humano no campo filosófico, ideológico e sexual. A liberdade deve ser a regra. Em relação ao fumo e à bebida, a análise merece ser feita de forma diferenciada, considerando que podem causar mal à saúde ou levar à morte. Ao Estado compete o controle do uso dessas drogas e não a censura. Um controle que deve visar muito mais ao esclarecimento e à conscientização da população.

Qual seria a sua reação caso tivessem tolhido seu direito de opinar, consumir e de se expressar?

– No Estado Democrático de Direito, a liberdade de manifestação de pensamento é garantida pela Constituição. Essa pergunta apenas faz sentido numa sociedade democrática. Seria diferente se esse questionamento fosse feito num contexto onde as pessoas não têm o direito à liberdade e a nenhuma de suas facetas. Não consigo imaginar minha participação num Estado que não ofereça as condições mínimas de vida, de liberdade de expressão, de igualdade e de proteção à honra, bem como os direitos à educação, à saúde e à dignidade para o desenvolvimento da personalidade do ser humano. Houve épocas em que as ideias de igualdade predominaram com as ideologias socialista, marxista e comunista. Hoje, há uma percepção de que a liberdade deve conviver em equilíbrio com o conceito de igualdade substancial, na qual as mesmas condições e chances são oferecidas para todos. O Estado contemporâneo vive o desafio do pluralismo. Nesse sentido, o reconhecimento do princípio da dignidade da pessoa humana implica o respeito pelo outro, tanto no aspecto individual, como no convívio social. Isso é essencial para que o direito de liberdade possa permitir o desenvolvimento da pessoa nas suas diversas expressões.

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