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29.5.11

Prisão do principal candidato presidencial abala a comunidade judaica da França

Ondas de choque continuam percorrendo por toda a França; Dominique Strauss-Kahn, considerado o provável candidato do Partido Socialista para desafiar o presidente francês Nicolas Sarkozy nas eleições presidenciais do próximo ano, esteve em uma prisão da cidade de Nova York sob a acusação de agressão sexual.

A detenção de Strauss-Kahn de 62 anos de idade altera significativamente o campo político na França, quando pesquisas recentes mostravam que o dirigente do Fundo Monetário Internacional era o mais popular entre aqueles que são considerados possíveis candidatos à presidência da França. E também representa um golpe particularmente duro para muitos da comunidade judaica da França. Strauss-Kahn - popularmente conhecido por suas iniciais, DSK - foi sempre muito franco sobre sua identidade judaica num país onde os políticos tipicamente mantêm silêncio sobre sua religião. Ele também expressou no passado sentimentos de ligação com Israel, mas sempre mantendo certa distância de participar ativamente em instituições judaicas, de acordo com líderes judeus.
"Perdemos um amigo" disse o rabino Michel Serfaty que é presidente da Amizade Judaico-Muçulmana da França. “É verdade que a comunidade judaica tem um amigo em Sarkozy, bem como entre outros líderes do Partido Socialista, mas com DSK não havia dúvida de que ele era um membro da comunidade, interessado em Israel, que nós perdemos”. Entre a grande comunidade judaica em Sarcelles, um subúrbio de Paris, onde Strauss-Kahn foi prefeito, a emoção era palpável. "É muito doloroso para nós" disse Marc Djebali, vice-presidente da comunidade judaica de Sarcelles. "Eu o conheço bem.. Ele é sempre muito cordial e nunca senti qualquer sinal ou problema de violência dele". Strauss-Kahn se declarou inocente das acusações criminais, incluindo a de abuso sexual e tentativa de estupro. As acusações foram feitas por uma camareira de 32 anos de idade do Hotel Sofitel em Manhattan que disse que quando ela entrou para limpar o quarto de Strauss-Kahn na tarde de sábad o ele saiu nu do banheiro, empurrou-a na cama, agrediu-a e forçou-a a fazer sexo oral, de acordo com Paul Browne, vice-comissário da Polícia da cidade de Nova York. Na França Strauss-Kahn supostamente tem uma reputação de "correr atrás de saias" e poderá enfrentar uma investigação adicional de assalto sexual pela jornalista Tristane Banon deverá agora apresentar queixa contra ele por um caso que ela afirma que ocorreu em 2002, de acordo com seu advogado.

Enquanto alguns dos que apóiam Strauss-Kahn estão se perguntando se o candidato favorito para a presidência foi vítima de uma conspiração, Strauss-Kahn ele mesmo especulou em uma recente entrevista para o diário Liberation de tendência esquerdista que ele poderia enfrentar três principais dificuldades caso fosse se candidatar para a presidência: "Dinheiro, mulheres e o fato de que eu sou judeu" ele afirmou.
Embora alguns estejam preocupados que o incidente poderia desencadear sentimentos anti-semitas na França, Marc Knobel, pesquisador do grupo judeu francês CRIF informou que não havia encontrado qualquer referência significativa à religião de Strauss-Kahn em conexão com a sua prisão. Pelo contrário, "todo mundo sabia que ele é judeu, o que não impediu de ele ser o candidato mais popular na França" afirmou Richard Prasquier, presidente do CRIF. "E isso diz algo sobre a França. Atualmente achamos perfeitamente normal que um judeu possa se tornar presidente".

No entanto, no início deste ano um membro do partido UMP de Sarkozy foi acusado de fazer alusão às raízes judaicas de Strauss-Kahn, e assim causando um clamor político quando disse a uma rádio francesa que o líder do FMI "não personifica a imagem da França, a imagem da França rural que tanto nós gostamos, e à qual estou ligado".

Com o popular líder do FMI fora do campo político da França, Marine Le Pen que é a nova líder do Partido da Frente Nacional de direita está entre aqueles que poderão lucrar com a situação, dizem os analistas políticos. Esta é uma perspectiva que muitos judeus franceses temem, pois consideram a Frente Nacional como anti-semita, embora Le Pen tente lançar uma imagem nova para o partido, que foi fundado pelo seu pai. Jean Viard, analista sênior do Centro Cevipof de Pesquisas Políticas comentou que se Strauss-Kahn for condenado, isso irá ajudar a Sarkozy na eleição de 2012 e "também aumenta as chances de Marine Le Pen de chegar ao segundo turno das eleições presidenciais". "Irá afetar fortemente todo o cenário político" ele acrescentou.

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