Translate 4 Your Language

2.5.10

Sussurros de Mulher: A cada hora, um beijo

Por Viva Hammer - The Jerusalem Post

Dois eventos inesquecíveis permanecem comigo desde minha última visita a Israel: um beijo e um abraço.

O beijo foi perpetrado em Rehov Jabotinsky, uma floresta de apartamentos em Jerusalém. Um homem com seus 50 anos, com uma barriga bem avantajada e uma crescente careca, caminhou na subida em direção a outro homem com seus 30 anos. O segundo era uma cópia fiel do primeiro, porém sem a avantajada barriga. E quando o homem mais velho se aproximou do jovem, ele prendeu firmemente ambos lados da cabeça e plantou um grande e longo beijo na sua testa. O jovem não se esquivou ao aceitar a homenagem.

O abraço irrompeu no centro da cidade numa manhã de Shabat. Um casal se aproximou de nós: Eram jovens e encantadores, material de que o Cântico dos Cânticos foi composto. Ela morena e magra. Sua cabeça estava envolta com um pano colorido e o seu corpo coberto com ondulantes vestes brancas. Seu companheiro era bem mais alto que ela, pele clara e cabelos negros, ombros largos que estreitavam para um meio perfeitamente formado. E, de repente, sem provocação, ela colocou seus braços ao redor de sua cintura e deu-lhe um aperto. Quanta alegria a animou enquanto ela o segurava! "Qual é esse deus grego que eu possuo" dizia seu rosto.

"Este homem foi dado para mim!"

O seu homem, naquele momento, passava uma mensagem diferente. Chocado, envergonhado, confuso e fiquei em dúvida se ele retribuiria a sua adoração.
"A cada hora, um beijo", canta Chava Alberstein numa marcante composição, "e a cada duas horas um abraço". É uma receita médica que ela prescreve para todos os tipos de doenças: uma receita que não causa overdose, e que não tem contra-indicações.

A lei judaica pensa o contrário. Estou proibida do contato físico próximo (kiruv basar) ou tocar com carinho e lascívia (hiba v'ta'ava) qualquer outro homem que não seja meu pai, avô, filho e neto, e periodicamente meu marido.

Estes termos têm sido amplamente interpretados pelos rabinos para proibirem todo contato com o sexo oposto, exceto por necessidade profissional. Mesmo um aperto de mão é controverso. Fanatismo, você pode pensar, mas certamente estabelece um limite.

Vinte anos atrás, fiquei encantada com um estudante rabínico que havia descartado as leis contra o tocar. Durante aqueles dias impetuosos, visitei minha irmã e ela percebeu um hematoma no meu braço. Respondendo ao seu questionamento contei que deveria ser uma lembrança de um encontro com o namorado. Mas minha irmã me avisou “Deixe-o agora”. Eu não prestei atenção ao seu aviso, e consequências piores do que um braço com hematoma se seguiram. Qualquer mulher cuidadosa sobre as regras sobre contatos físicos saberia que algo estaria errado caso um homem observante tinha, se tanto, encostado um dedo nela. Fora dos limites da lei, o contato físico torna-se uma negociação traiçoeira entre partes desiguais.

Agora como uma mulher mais sábia, ainda me deparo com desafios. Durante um recente almoço de negócios um membro da gerencia ilustrou sua apresentação tocando no meu ombro, colocando o braço em torno de minhas costas, apertando a minha mão. Modestamente vestida e totalmente profissional, estou chocada com suas carícias, mas estou confusa sobre o que fazer. Se me exaltar, eu coloco em risco o meu emprego. Se não fizer nada, eu estou sendo violada e humilhada. Eu escolho a segunda, e depois da reunião fico triste e furiosa que, mesmo sendo sócia do escritório de advocacia, eu não tenho condições contra o assédio. O que deve acontecer com aquelas que têm menos sucesso que nós?
Outros contatos físicos são ainda mais difíceis de opor. Quem sou eu para dizer quando um homem mais velho, meu parente americano baba em todo meu rosto? Ou um primo querido que me engole com seu abraço? No momento do contato seria uma terrível ofensa a rejeição destes entes queridos. Se aguardasse por um momento mais tranqüilo para debater sobre a lei judaica do contato físico eles iriam olhar para mim procurando detectar sinais de insanidade - e poderia esquecer quando aconteceria o nosso próximo encontro.

Numa aula de autodefesa para mulheres de que participei recentemente, a instrutora pediu permissão antes de cada contato que ela fez com cada aluna, e insistiu que nós fizéssemos o mesmo umas com as outras. Com ela aprendi que nenhum toque entre os seres vivos é neutro; cada conexão física traz uma mensagem.

Em minha casa, eu sigo a receita de Chava Alberstein: ‘kol sha'a neshika’, a cada hora um beijo, e a cada duas horas um abraço. Estamos assim protegidos contra todo tipo de doença e mau humor, e é absolutamente grátis. Mas talvez eu seja muito descuidada: Em casa e na rua, no escritório e no supermercado, entre sexos diferentes e entre os mesmos também, um toque é uma mensagem de peso. Se formos inteligentes, vamos assegurar que o destinatário esteja pronto antes de fazê-lo.
A escritora é advogada morando nos EUA.

Nenhum comentário:

Postar um comentário