Aqui e Agora
É difícil sempre saber o que nos reserva um novo ano. Hoje vi nos olhos de Dilma, por exemplo, um quê pueril, um desejo quase fetal de fazer carinho no Brasil e no mundo. Mas o mundo, quando se nasce para ele, é frio. Como diz Gilberto Gil em "Aqui e agora", "Morrer deve ser tão frio/quanto na hora do parto". Vir ao mundo, sair do aconchego do útero para um ambiente incerto, é tão assustador, diz Gil, quanto aquele momento que precede a hora de nos irmos daqui. A cara de Lula era desse frio na alma: se ele vai voltar mesmo nem ele sabe, pode até querer, mas saber não sabe, ninguém sabe. Para Lula era o frio da morte, para Dilma, era o frio de vir ao mundo, um mundo chuvoso como o do primeiro dia do ano. Mas havia aquele quê pueril em seus olhos. Um desejo de servir bem. Nos cumprimentos, abraçou brancos, negros, judeus, silvícolas, latinos e palestinos. O mundo está aí, o ano está chegado, frio, no maior calor de janeiro. Ninguém sabe nem nunca saberá nada. Por isso vamos terminar essa curta croniqueta de dia primeiro com Gil, de novo, em suas palavras que remetem ao budismo: "O melhor lugar do mundo é aqui/e agora". Pois nenhum momento é igual ao outro e, ao contrário do que dizem, a História nunca, nunca se repete. Vamos aproveitar. Shalom e, num certo aspecto, Shaná Tová.
(Fonte: Notícias da Rua Judaica)
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