Atualmente as pessoas parecem gostar de
viver em estado de muita tensão, com pressa para tudo, os nervos à flor
da pele, perdendo o equilíbrio emocional diante da mais simples
contrariedade. Os filmes e livros com temas históricos, pacíficos ou de
romances, são pouco vistos ou lidos, mas os que tratam de ação, guerra,
tiroteios ou suspense, fazem filas nas entradas das salas e não saem da
lista dos mais vendidos.
Na juventude, ouvia dizer que o jornal
que vende é aquele que sangra quando torcido e hoje percebo como isso é
verdadeiro e atual. Por mais que os novos meios de comunicação evoluam,
com a internet abrindo novos e imensuráveis caminhos, podemos perceber
que os interesses continuam os mesmos e as manchetes dos jornais,
telejornais ou de milhares de páginas da web, são sobre brigas,
assaltos, crimes, tragédias, revoltas e guerras.
Cenas violentas e verídicas, de pessoas
sendo agredidas, feridas, executadas ou já mortas, são constantemente
transmitidas em horários de programação livre e assistidas por crianças.
Nos últimos dias, provavelmente nenhuma cena foi mais transmitida pelos
canais de televisão, publicada pelos jornais e divulgada na internet,
do que o linchamento público, morte e exposição do cadáver de Muammar
Kadhafi, da Líbia.
Milhões de pessoas assistem os canais,
compram os jornais e acessam as páginas com esses temas, facilitando a
venda de seus espaços publicitários, mais caros durante os programas de
maior audiência, nos jornais de maior circulação ou nos portais mais
visitados, proporcionando, assim, maiores lucros às empresas de
comunicação.
As indústrias, sempre buscando os mais
lucrativos filões existentes no mercado consumidor, produzem automóveis e
motocicletas que alcançam velocidades superiores a 300 km por hora,
impensáveis de serem atingidas por pessoas que possuam um mínimo de bom
senso.
Esporte de extrema violência, o das lutas
de vale tudo, chamadas MMA, é o que atualmente mais cresce no mundo e
mais lucro proporciona aos seus participantes e promotores, pela
quantidade de pessoas que o assiste.
Milhares se reúnem para assistir uma
tourada, uma corrida de touros nas ruas, um rodeio ou um treinador de
leões e tigres, onde o homem mede força com animais muito maiores, mais
fortes e mais pesados que ele.
As torcidas dos times de futebol não se
organizam mais para acompanhar e apoiar o seu predileto, mas para o
confronto com a do time adversário, se agredindo fisicamente antes,
durante ou depois dos jogos e depredando ônibus, veículos e vitrines por
onde passam.
Com tudo em sua vida ocorrendo em ritmo
acelerado e os horários agendados muito próximos, as pessoas permanecem
em constante estado de tensão e parecem gostar de assistir esses fatos,
divulgados nos meios de comunicação ou ocorridos nas ruas.
Saindo de um avião, elas ligam seus
celulares antes mesmo de chegar aos prédios dos aeroportos, parecendo
desesperadas para se comunicar e demonstram verdadeiro pânico quando o
esquecem em algum lugar, como se não pudessem mais viver distantes do
aparelho.
Em situações de nervosismo e estresse,
automaticamente cresce a produção de adrenalina, que acelera os
batimentos cardíacos e a respiração, proporcionando maior oxigenação
celular e o aumento do fluxo sanguíneo nos músculos relacionados com as
atividades sexuais, experiência agradável, que as pessoas procuram
repetir.
A adrenalina, por provocar sensações
de prazer, vicia como qualquer outra droga, fazendo a pessoa buscar as
mais diversas formas de geração de tensão, com a consequente necessidade
de novas e sucessivas doses.
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