David Start-Cohen: 20 anos fazendo bagunça
O dia 19 de junho de 1991 era um dia normal, até para Marilda Conde, a minha mãe, mesmo com um barrigão imenso, acredito. Estava tudo bem. Grávida passa mal a toda hora. Sim, e com Marilda não podia ser diferente. Segundo a própria, ela teve um mal estar, foi para o Hospital do Servidor Público pra ver o que que era, e, ás 18:50 daquele início de noite, eis que surgia o irmão mais novo de Leandro Vinícius e Maíra Cláudia. Exatamente uma semana depois quando as matriarcas da Família Ferreira Conde, Wanda e Wilma completarem 55 anos. Sinal que coisa boa vinha por aí - modéstia a parte.
Embora passei a minha vida inteira na Zona Leste, morei nove meses ao todo na região onde nasci, a Zona Sul. Seis meses com a família, lá no Campo Limpo (Jardim Campo de Fora), e três meses com a minha atual companheira, Camilla Sedrez. De resto, 18 anos de Zona Leste, sendo 11 anos de Cidade Tiradentes. No último bairro citado, os meus irmãos conheciam a adolescência, e eu, a infância. Lá, empinei pipa, brincava de bolinha de gude, escalava morros, lançava pedras nos prédios vizinhos, jogava bola, corria pra tudo, enfim, só alegria. Além de tudo isso, aos três anos de idade, começava a escrever, ler, e até falar difícil - coisa que faço até hoje.
Por desenvolver um raciocínio fora dos padrões das minhas gerações passadas (se é que eu posso dizer assim), iniciei em muita coisa, bem cedo por "pensar sempre a frente." Com 12 anos, começei a pesquisar quem eram aqueles "carinhas legais" com "histórias incríveis" que estava no antigo livro de história da minha irmã. Nada mais, nada menos que: Karl Marx, Friedrich Engels, Vladimir Lênin e Leon Trotsky. Aos 15, era militante do Partido da Causa Operária.
Hoje, ainda posso me dizer um socialista, mas conformado. Com esperança de uma verdadeira Revolução que balance tudo e a todos. Permanente. Aos 18 anos, conheci o Movimento Humanista, fundado pelo filósofo argentino Mario Silo. Lá, conheci e aprendi muita coisa, e conheci pessoas fora de série. Mesmo sendo um antigo representante da União dos Estudantes Secundaristas de São Paulo e gremistas em duas escolas onde estudei, me afastei totalmente do ativismo político. Posso voltar? Quem sabe."Com família em formação, não dá pra morrer mais pelos ideais.
Mais de 10 anos de vida escolar ativa. Lembranças das bagunças, discussões com professores, amores platônicos, conversas com diretoras, campeonatos interclasses etc. "O Guilherme é um bom aluno, sempre foi. Só que ele conversa demais e acaba atrapalhando os colegas." Toda reunião de pais a dona Marilda escutava a mesma coisa. Orgulho da cria.
Oito anos em escola particular (6 como bolsista) e três anos na escola estadual, e tive dois lados de aprendizado. Entretanto, meus professores maiores são Leandro Vinícius e Maira Cláudia Conde de Souza. Os dois, filhos de mãe solteira, precisavam "se virar" para cuidar da casa e cuidar do irmão menor. Graças a eles, aprendi como se escuta uma música (e como tocar um instrumento!), retocar a casa, entre várias coisas. Sofriam muito comigo na temida "fase dos porquês". Respondiam o que podiam, mas garanto que sabiam muito. Ainda aprendo com eles, mas, prefiro assistir as melhores aulas, e não ficar presente em todas.
O Brasil é um país religioso. Facto. De família majoritariamente cristã, e também ter estudado em um colégio cristão, não me fez ser um cristão de fato. Embora eu era Protestante Histórico (Metodista) por parte de pai de criação, eu abandonei o cristianismo aos 17 anos. Nem quando eu era ativista político, vivendo com um bando de ateus, deixei de ser prostestante, mas, depois de pensar muito, optei por largar. Hoje, com ajuda da minha prima, a Dra. Joise Helena Lima, sou judeu em formação, e não me recrimino (ainda) de trabalhar no Shabbat, embora a conversão será feita por completo quando os meus filhos vierem. Me converto por eles, pela família que está pra se formar.
Resumindo, são duas décadas de muita coisa.
Dúvidas? Consulte Marilda Conde e Camilla Sedrez. Elas vão te responder tudo o que eu nem mesmo sei. E olha que é sobre mim!
20 anos se fecham. 20 anos começam.
E há sempre espaço para uma nova estória para entrar pra História.
Meu nome é Guilherme Conde, ainda conhecido por David Start-Cohen.
Muito prazer, Mundo. Estou nascendo. De novo. De verdade.
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