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10.4.11

Alegria e horror de viver (from London)

Viajar é viver. Os horrores do mundo passam em pista paralela com o prazer. Londres, multiétnica, com seus contrastes... dizem que aqui os judeus não têm sido tão bem tratados, mas um dos primeiros museus na programação do Time Out é o Jewish... e dancei uma noite inteira com amigas goym num club onde havia negros, ingleses, árabes, travecos, heteros e gays. Cometi um excesso daqueles que fazem valer o ditado iídiche de que, se for comer porco, que seja para babar de prazer. Pois num desses english breakfasts comi o tal de black pudding, ou seja, sangue de porco embutido e condimentado. Hashem me respondeu com avisos intestinais gravíssimos, mas tudo tem um lado bom: para ir ao banheiro tive que abandonar a chatíssima continuação do Fantasma da Ópera (Love never dies) menos de 20 minutos depois de começar. Claro que nem voltei. Agora, sexta-feira, véspera de minha partida (ainda fico um dia em Madri na escala) vejo na BBC news as imagens do t erremoto no Japão e torço para morrer pouca gente dessa vez. Horrores do mundo em meio à alegria de viver. Penso nos que pereceram em todas as grandes catástrofes, pestes, incêndios e massacres. Nos pogroms e no Shoah. Resta respirar o ar frio do hemisfério e seguir caminho, curtindo aquilo que o sopro da Criação nos oferece. Logo mais, Shabat Shalom.

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