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20.9.10

Seis décadas após Holocausto, judaísmo floresce na Alemanha

Em clima de festa tomou conta das cinco sinagogas de Berlim nos últimos dias, por ocasião do Rosh Hashaná, a celebração do ano novo judaico, entre quarta e quinta-feira. Segundo reportagem da correspondente Graça Magalhães-Ruether para a edição do GLOBO deste domingo, sessenta e cinco anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, a cultura judaica volta a florescer na Alemanha com a chegada em massa de judeus. Diferentemente dos anos 1960 e 1970, quando a migração judaica dirigia-se sobretudo a Israel, a preferência dos judeus da Europa Oriental tem se dividido, nos últimos anos, entre a Terra Prometida e a Alemanha. Só da antiga União Soviética chegaram cerca de 200 mil desde a queda do Muro de Berlim. Hoje, 85 cidades alemãs contam com sinagogas - e só Berlim e Munique, juntas, contam com 16 templos.
Para alguns judeus mais velhos, com a festa da semana passada parecia que a roda da História havia girado, e o judaísmo era vivido na capital alemã como foi até 1933, quando viviam na cidade 120 mil judeus, integrando as elites artística, científica e intelectual, como o filósofo Walter Benjamin e o físico Albert Einstein.

- O judaísmo voltou a florescer não só em Berlim, mas em toda a Alemanha - celebra Maja Zeder, porta voz da comunidade judaica de Berlim, filha de judeus da Ucrânia.

Até 1933, viviam na Alemanha meio milhão de judeus. Apenas pouco mais de 20 mil sobreviveram ao regime nazista. Depois de 1945, viviam no país sobretudo judeus em trânsito à espera de uma chance de ir para Israel. As pequenas comunidades judaicas que começaram a se organizar, ao longo das décadas, chamavam a atenção, mas muitos de seus membros eram criticados por quem decidiu partir por viverem na Alemanha.

A situação começou a mudar com a abertura do regime comunista da antiga União Soviética. Depois de um acordo fechado pelo chanceler federal Helmut Kohl e o líder soviético Mikhail Gorbachov, os judeus soviéticos passaram a ter permissão para emigrar para a Alemanha. Com a oferta de ajuda financeira e o sonho de uma vida melhor, sem discriminação, houve uma evasão em massa.

Hoje, 80% dos judeus da Alemanha vêm da antiga URSS, o que causou uma revolução cultural para os próprios judeus alemães. Com os imigrantes do leste, surgiram também novos hábitos e uma nova cultura, com mais ortodoxos e até ultraortodoxos. Em comum com os outros imigrantes, os judeus têm apenas o fato de ter de aprender o alemão - 99% desses imigrantes têm formação universitária, o que torna mais fácil a integração no mercado de trabalho e na sociedade local.


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